Márai, Sándor. A Ilha. Alfragide: Dom Quixote. 2012.
A Ilha é um livro escrito por Sándor Márai e
traduzido do húngaro por Piroska Felkai.
A Ilha é um livro escrito por Sándor Márai e
traduzido do húngaro por Piroska Felkai.
O protagonista desta
obra, Viktor Askenasi, um homem de meia idade, respeitado professor no
Instituto de Estudos Orientais de Paris, vive rodeado de dúvidas existenciais.
Não sendo um livro extenso, é um livro cuja leitura carece de especial atenção,
profunda, enigmática, onde todos os fios narrativos são fundamentais para a
compreensão da história e da mensagem que o autor nos passa.
Aos 47 anos, depois
de, num ato de insanidade, ter abandonado a esposa, a filha e o trabalho para
viver com uma bailarina russa, que também acaba por abandonar por não responder
à sua questão existencial de busca da felicidade, Askenasi resolve empreender uma viagem
a Paris, seguindo o conselho de amigos, para descansar. Mas, ao parar numa
estância balnear do Adriático, a meio da viagem, pensa que deverá ser ali que
pode procurar a resposta para a sua pergunta. Para a ilha, vai apenas aquando
de um encontro com uma terceira mulher que o atrai ao seu quarto no Hotel
Argentina e que acredita que tem a resposta que nem Deus é capaz de lhe dar. É
nessa viagem que se inicia um desfiar de memórias, na procura de respostas para
a ambiguidade do amor, a angústia, a incerteza, a sensação de perda, de
esquecimento e a solidão.
E é por entre os fios cruzados do passado com o presente, que o protagonista nos vai lançando fios que temos de juntar para construir o enredo. Tudo isto numa linguagem magistral, à qual Márai nos habituou em todas as suas obras, uma linguagem que nos envolve, nos deixa expectantes. Ainda que parta de questões com que o ser humano, em qualquer momento da sua vida, se depara, como porque trabalhamos toda uma vida? Não será necessário de aparentemente deixar de ver para passar a observar com nitidez? Será preciso perder aparentemente a memória, para nos recordarmos do que efetivamente é importante para nós?
E é por entre os fios cruzados do passado com o presente, que o protagonista nos vai lançando fios que temos de juntar para construir o enredo. Tudo isto numa linguagem magistral, à qual Márai nos habituou em todas as suas obras, uma linguagem que nos envolve, nos deixa expectantes. Ainda que parta de questões com que o ser humano, em qualquer momento da sua vida, se depara, como porque trabalhamos toda uma vida? Não será necessário de aparentemente deixar de ver para passar a observar com nitidez? Será preciso perder aparentemente a memória, para nos recordarmos do que efetivamente é importante para nós?
É um daqueles livros que é preciso degustar,
palavra a palavra, voltar atrás algumas linhas e reler, para não perder nada,
já que tudo é importante. Parar para, de alguma maneira, questionarmos a nossa
própria vida. É esse o maior poder de Márai no leitor, abaná-lo, questioná-lo
por meio de uma personagem que pode muito bem ser qualquer um de nós. Porque,
apesar de todos sermos uma ilha inexplicável e inacessível, na qual pensamos
estarem as respostas para as nossas dúvidas, a ilha pode muito bem ser o isco
que nos aprisiona e que impede que nos libertemos e encontremos a felicidade.
Célia Gil
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