Peixoto, José Luís (2017). O Caminho Imperfeito. Lisboa: Quetzal Editores.
**SINOPSE**
Este é um daqueles livros que não se lê apenas com os olhos — lê-se com o corpo inteiro. Desde a primeira página, sente-se que não se trata de uma viagem tradicional, mas de uma procura interior, quase espiritual, que se desenrola em paralelo com os quilómetros percorridos na Tailândia.
José Luís Peixoto tem uma escrita profundamente sensorial. Ele não se limita a descrever o que vê; transmite cheiros, texturas, estados de espírito. A viagem física torna-se apenas pano de fundo para uma viagem muito mais relevante: a viagem ao interior de si mesmo. E é isso que torna o livro tão poderoso — a honestidade com que ele se expõe, sem filtros, com fragilidades e dúvidas.
Um dos aspetos que mais me marcou foi essa fusão entre o mundo externo (exótico, caótico, fascinante) e o universo íntimo do autor (repleto de memórias, perdas, saudades e inquietações). Há momentos em que parece que estamos a ler um diário emocional, e não um livro de crónicas — e é aí que reside a sua beleza imperfeita.
A certa altura, deixei de ler para "viajar" e comecei a viajar para "sentir". Este livro não oferece respostas, nem um itinerário claro. Mas convida à pausa, à contemplação e à aceitação do imperfeito — como o próprio título sugere. No fundo, é um livro para quem já percebeu que o mais importante da viagem não é o destino, mas o que se transforma em nós pelo caminho.
Recomendo para os apreciadores deste género.
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