A Fábrica de Bonecas, Elizabeth Macneal


Macneal, Elizabeth (2019). A Fábrica de Bonecas. Amadora: Topseller.
384 páginas
Leitura iniciada em 08-06-2020                
Leitura terminada em 13-06-2020

A Fábrica de Bonecas é um livro escrito por Elizabeth Macneal e traduzido por Eugénia Antunes. É, sem dúvida, um livro perturbador, que me fez lembrar O Perfume de Patrick SusKind, pela psicopatia de Silas, pela morbidez da personagem viciada em seres com defeitos. Não absorvia aromas, mas embalsamava essas criaturas defeituosas, como no caso de um cão com duas cabeças. Bem escrito, de leitura fluída, para o que contribuem os capítulos pequenos.
Por outro lado, acompanhamos a história de Íris, que vai inevitavelmente cruzar-se com a de Silas. Íris e a sua irmã gémea, Rose, trabalham numa loja de bonecas, onde a patroa as escraviza e maltrata. Vivem numa espécie de submundo. Mas Íris, contrariamente à irmã, não se acomoda a essa vida, gosta de pintar e sonha com uma vida melhor.
Íris é convidada por um pintor pré-rafaelista, Louis Frost, a posar para ele, a ser a rainha do seu quadro. Ela acaba por alugar um quarto e, disposta a deixar para trás a vida miserável que tinha, ainda que contra a vontade da irmã, acaba por aceitar posar para Louis. Em troca, ele oferece-se por a ensinar a pintar. Acabam por se envolver.
O que ela não sabe é que não é apenas a “rainha de Louis”, mas passa a constituir a obsessão de Silas, que, mesmo procurando, não encontra em nenhuma outra mulher, o que vê em Íris. Persegue-a ao longe, sabe todos os seus passos e prepara-se para a prender só para si e para sempre. Acredita que ela no fundo também o ama, porque concebe uma relação na sua cabeça.
Depois, há outras personagens que não nos deixam indiferentes, as crianças de rua famintas, o jovem Albie, que arranjava os cachorros e outros animais a Silas em troco de uma moedas e que, infeliz com a sua boca sem dentes, juntava dinheiro para arranjar uma dentadura, mas que, quando Íris lhe dá dinheiro por ter posado para um retrato de Louis, pensa primeiro em ajudar a irmã, perdida num mundo sórdido de prostituição.
No momento em que Louis decide visitar a mulher, que já não vive com ele, mas que lhe escreve porque o quer ver antes de morrer, Íris é atraída por uma carta falsa, escrita a pedido de Silas, a dizer que a sua irmã teve um acidente. Tudo para a atrair e raptar. Até onde irá a sua mórbida obsessão?
Drama, thriller, romance, este é um livro que envolve um pouco de vários géneros, num estilo gótico e sombrio, que não deixará ninguém indiferente.

                                                                               Célia Gil

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