Não Desistas, Harlan Coben

Coben, Harlan (2019). Não Desistas. Lisboa: Editorial Presença

Nº de páginas: 288

Início de leitura: 22/05/2021

Fim da leitura: 22/05/2021

Não Desistas é um policial escrito por Harlan Coben e traduzido por Marta Mendonça.

É um livro que cativa desde o início, revelando um grande sentido de humor, uma linguagem bastante acessível e, diria mesmo, cinematográfica, pelo seu ritmo acelerado, sem momentos mortos, em que estamos permanentemente ansiosos por saber o que vem a seguir. É, com efeito, um livro que se lê num ápice, apesar da letra pequena (o que as editoras poderiam evitar).

Só para terem uma ideia deste sentido de humor passo a citar a frase que dá abertura ao livro: “Daisy usava um vestido preto muito justo e com um decote tão profundo que quase estaria habilitado para dar aulas de Filosofia.”

A história tem início com Dale Miller, num café, a próxima vítima de uma burla levada a cabo por Daisy e Rex, que, a pedido de um elemento de casais em divórcio, para ficarem com a custódia dos filhos, solicitavam os seus serviços. Daisy só tinha de seduzir a vítima, fazê-lo beber o máximo que podia e depois pedir-lhe que a levasse a casa. Rex, que era polícia, faria uma operação stop, na qual multava e prendia o condutor que acompanhava Daisy por excesso de álcool. Já haveria aqui pano para mangas. Mas, desta vez, não corre tudo como o planeado. Rex e Daisy serão surpreendidos pela vítima e mais não digo.

E é a seguir que começa o enredo propriamente dito. Nap é um detetive, que vive em Nova Jérsia e que terá seguido esta profissão com o intuito de descobrir quem, há cerca de 15 anos, assassinou o seu irmão gémeo, Leo, com o qual vai conversando mentalmente, e a namorada do irmão, Diana. Relembra o homicídio, em que ninguém acredita, referindo-se antes ao acontecimento como “suicídio duplo” ou “morte acidental”.

É aqui que esta história se começa a ligar à anterior, uma vez que são encontradas impressões digitais, no carro que fora mandado parar pela polícia, de Maura. Começamos a associar Daisy a Maura, que seriam a mesma pessoa. Maura teria sido namorada de Nap e terá desaparecido desde o trágico “acidente” que vitimou Leo e Diana. Apesar de os pais de Maura não a terem dado como desaparecido, vimos a perceber que foi o próprio Nap quem a deu como desaparecida no Sistema Automático de Identificação de Impressões Digitais. Maura, juntamente com Leo, Diana e outros colegas do secundário, teria feito parte de um Clube da Conspiração, ao qual Nap, na adolescência, não terá dado grande importância, considerando-o inofensivo e infantil. Porém, a certa altura, começa a perceber e a interligar os acontecimentos. Os membros do grupo têm vindo a aparecer mortos. Quem andariam eles a desafiar, na juventude, o que teriam eles descoberto que pudesse levar alguém a querer livrar-se deles.

Vale a pena acompanhar o percurso desta investigação, uma vez que é sempre surpreendente, até ao fim, mantendo o suspense até se descobrir toda a verdade.

Deixo apenas mais uma passagem para terem uma pequena noção do sentido de humor que perpassa neste livro:

“ – Quer fazer uma luta de orelhas comigo?

- Uma quê?

- O seu mano – faço sinal com a cabeça na direção do Polícia Dois – vai-se embora. Trancamos a porta. Pousamos as armas. Um de nós sai deste quarto com a orelha do outro na boca. Que me diz?

Aproximo-me dele e simulo uma dentada.” 

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