Glaiter, Seni (2019). O Senhor Doubler e a Arte de Cultivar Batatas. Cacém: HarperCollins.
Nº
de páginas – 384
Início
da leitura: 21/05/2021
Fim da leitura: 22/05/2021
O Senhor
Doubler e a Arte de Cultivar Batatas
é um livro escrito pela autora inglesa Seni Glaister e traduzido por Ana Filipa
Velosa.
Como falar
deste livro? Pela capa e título, não fazia ideia do conteúdo abordado. Mas o
certo é que, talvez por ser diferente, vi-me curiosa perante o conteúdo. E devo
dizer que superou as minhas expetativas.
Com
magia, ironia, verdade e sentido de humor, este livro aborda temáticas
importantíssimas, que muitas vezes desvalorizamos ou evitamos pensar. De entre
estas temáticas, destaco a velhice, a capacidade de amar na velhice, o
menosprezo dos filhos que tomam decisões em função dos seus interesses, o
cancro, a vida e a morte, Deus, o altruísmo, as convicções, os sonhos, os
propósitos…
É
impossível ler este livro sem refletir, sem nos colocarmos questões como: a
velhice será em si um fim? Serão os filhos um reflexo da educação que receberam
ou podem ser simplesmente maus, geneticamente maus? Até que ponto algumas
atitudes inadequadas do ser humano nos permitem julgá-lo e condená-lo? O que
existe por detrás de alguns comportamentos e formas de vida? Não ignoraremos o
que nos rodeia, por ser mais fácil assim e porque observar e intervir dá
trabalho? Até que ponto nos poderemos aprisionar dentro de nós mesmos e deixar
de ver o que nos rodeia? Será uma pessoa louca pelo facto de as outras a
considerarem louca?
Não,
não é um livro de autoajuda, tem enredo, tem personagens às quais depressa nos
afeiçoamos, outras que nos chocam pelas suas atitudes e pelo facto de parecer
que as conhecemos do nosso dia a dia.
É
um livro completo. Não tem momentos mortos. Há, isso sim, tempo para refletir,
tempo para viver e é impossível não nos comovermos, não darmos uma boa
gargalhada. São livros assim que nos deixam com uma autêntica ressaca
literária. O que ler a seguir? Como entrar agora noutra história?
Claro,
como já se devem ter apercebido, adorei!
“…as nossas lembranças raramente coincidem. Os factos são os mesmos, mas a forma de retê-los depende muito do nosso estado de espírito naquele momento e do uso que damos a essas lembranças…” (pp. 282-283)
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