Dorian Gray, de Corominas (baseado no romance de Óscar Wilde)

Corominas (2024). Dorian Gray. Lisboa: LEVOIR. 

Tradução: Sandra Alvarez
N.º de páginas: 104
Início da leitura: 12/11/2025
Fim da leitura: 13/11/2025

**SINOPSE**
"De visita ao seu amigo pintor Basil Hallward, Lord Henry conhece o jovem Dorian Gray, cujo retrato Basil acabou de pintar. Espantado com a sua beleza juvenil e ingenuidade, rapidamente faz amizade com ele e brinca que, uma vez terminado o retrato, só ele conservará a sua beleza para sempre, enquanto Dorian envelhecerá gradualmente.

O jovem declara que daria a sua alma para que o retrato envelhecesse no seu lugar. Perante estas palavras, toda a gente riu... no momento. Um erro fatal, porque o seu desejo será realizado: o aristocrata inglês poderá certamente permanecer eternamente jovem, mas este desejo tem um custo: é o retrato que envelhecerá no seu lugar, gradualmente marcado pelos anos, vícios e crimes."
Acredito que não seja fácil adaptar um drama como este em Banda Desenhada, mas, o que é certo é que senti que o estilo enfático e teatral de Óscar Wilde se consegue encontrar nesta novela gráfica. Apresenta-nos uma 
reinterpretação fascinante do clássico, mantendo a essência da obra original e, ao mesmo tempo, adaptando-a, em termos visuais, através de ilustrações que captam bem a essência sombria e melancólica da história. 
Dorian Gray, na adaptação de Corominas, é retratado como um jovem belo e encantador, uma figura quase etérea que, inicialmente, é pura e inocente. Acaba por se deixar corromper pelas influências de Lorde Henry, que lhe ensina a ideia da procura do hedonismo, a falta de arrependimento e o ignorar das consequências morais das suas ações. Dorian não envelhece, mas o retrato pintado por Basil Hallward torna-se o reflexo do seu interior, envelhecendo e absorvendo as marcas da sua decadência moral. Esta representação física do seu interior depravado está no centro da obra. 
Dorian é uma personagem com que não me identifico e que considero de um egoncentrismo pior que o de Narciso. Não contempla o seu retrato na água, mas observa-se no seu retrato, oferecendo a sua alma em troca da eterna juventude. Porém, reconheço a moral transmitida através desta personagem.

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