Zimler, Richard (2018). Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco. Porto: Porto Editora.
Tradução: Daniela Carvalhal GarciaNº de páginas: 450
Início da leitura: 09/01/2023
Fim da leitura: 14/01/2023
**SINOPSE**
Benjamin Zarco e o seu primo Shelly foram os
únicos membros da família a escapar ao Holocausto. Cada um à sua maneira, ambos
carregam o fardo de ter sobrevivido a todos os outros. Benjamin recusa-se a
falar do passado, procurando as respostas na cabala, que estuda com avidez, em
busca daquilo a que chama os fios invisíveis que tudo ligam. E Shelly
refugia-se numa hiper sexualidade, seu único subterfúgio para calar os
fantasmas que o atormentam.
Construído como um mosaico e dividido em seis peças, Os
dez espelhos de Benjamin Zarco entretecem-se entre 1944, com a
história de Ewa Armbruster, professora de piano cristã que arrisca a vida para
esconder Benni em sua casa, e 2018, com o testemunho do filho de Benjamin
acerca do manuscrito de Berequias Zarco, herança do pai, talvez a chave para
compreender a razão por que Benjamin e Shelly se salvaram e o vínculo único que
os une.
Um romance profundamente comovente e redentor, com
personagens inesquecíveis. Uma ode à solidariedade, ao heroísmo e ao tipo de
amor capaz de ultrapassar todas as barreiras, temporais e geográficas.
Já tinha lido O Último Cabalista de Lisboa e A Sétima Porta e gostado muito. Este também não me desiludiu. Gosto realmente desta família Zarco que protagoniza o ciclo Sefardita da ficção de Zimler, de que este é o quinto livro.
Aqui se aborda o pós-guerra e os fantasmas que carregam todos os que viveram os terrores do Holocausto. Benjamin Zarco, ainda muito jovem, assiste à libertação dos prisioneiros de um campo de concentração, o que o marca para sempre. Ficamos a conhecer Benjamin através da perspetiva de vários narradores, ao longo dos tempos e de acordo com as relações estabelecidas entre as personagens. Estas são muito bem ficcionadas, prendendo-nos às suas histórias, à sua complexidade, às suas fragilidades e inseguranças, aos seus medos, às suas "taras e manias", às suas dúvidas, à sua humanidade, sempre com a força narrativa que nos conquista, conjugando os dramas pessoais de cada um com algum sentido de humor e ironia. Com a linguagem cinematográfica a que já nos habituou, Zimler prende-nos à narrativa, sem tempos mortos, e desperta-nos constantemente a curiosidade.
Já tinha este livro desde 2019, assinado pelo autor aquando de uma visita ao Fundão, mas, entre tantas leituras, só agora consegui ler. Mas vale bem a pena! Aconselho vivamente a leitura!
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