Kyoto, Yasunari Kawabata

Kawabata, Yasunari (2000). Kyoto. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Virgílio Martinho

Nº de páginas: 150

Início da leitura: 21/01

Fim da leitura: 22/01

**SINOPSE**

"Kyoto, é uma das mais belas obras de Yasunari Kawabata, autor galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1968. Considerado a sua obra-prima, este romance mergulha profundamente no Universo da psicologia feminina. O tema do amor impossível, já tratado noutros romances de Kawabata, aflora novamente nesta obra de uma tão delicada e subtil narrativa."

Kawabata é tão bom! Sempre que me sinto mais cansada e stressada, ler Kawabata é a melhor forma de descontrair. Tem o poder de nos levar a viajar, desta vez por Kyoto. Com belíssimas descrições que deslumbram e, ao mesmo tempo, algum sentido crítico em relação às mudanças negativas que o homem vai operando na sublime paisagem, somos transportados para lugares repletos de violetas, borboletas, santuários rodeados de cerejeiras em flor de cor avermelhada, as folhas verdes dos lírios, o verde do lago, as varas de bambu, as árvores que tombavam os ramos nas águas do lago, o pinhal, os cedros do monte Kitayama, os crisântemos, os carvalhos, a chuva, ao frio, o granizo a acinzentar a paisagem
Acompanhamos essas descrições de cortar a respiração ao longo da passagem das estações do ano, cada estação com a sua beleza muito própria, refletindo e refletindo-se nos estados de espírito, amadurecimento e personalidade das personagens. Estas tão bem construídas, tão inspiradoras e, ao mesmo tempo, tão reais, tão humanas... Até os tecidos, inspirados nas cores e padrões da natureza, são descritos de forma belíssima. As tradições, a forma de pensar, os costumes, tudo nos remete para Kyoto e nos faz sentir lá, a acompanhar as vidas das personagens.
A par destes espaços de contemplação, de elevação, de fascínio, temos a história da separação de duas gémeas à nascença (na altura em que nasceram, eram mal vistos os pais de gémeos), Chieko e Naeko: a primeira, criada com algumas mordomias, no seio de uma família remediada; a segunda, criada nas montanhas, no árduo trabalho do campo. Chieko só fica a saber da existência desta irmã, já são umas mulherzinhas, pois os pais tinham-lhe mentido sempre acerca das suas origens, dizendo-lhe que a tinham roubado e adotado, para que ela não fosse criada sob o estigma de uma filha enjeitada, abandonada pelos pais à porta dos pais adotivos.
Como correrá o encontro entre as irmãs? Que sentimentos se apoderarão de cada uma delas?
Temos ainda o despontar de uma história de amor. De Chieko ou Naeko ou de ambas? Nem sempre o amor é conquista, por vezes é renúncia...
Aconselho vivamente a leitura deste magnífico escritor. No fim de cada livro seu, fica uma doce nostalgia, mas um coração pleno de cor e esplendor e a noção de que viajamos em cada história e ficamos mais ricos.

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