Fossum, Karin (2009). A Noiva Indiana. Alfragide: Dom Quixote.
Nº de páginas:
282
Início da
leitura: 28/12/2020
Fim da leitura:
01/01/2021
A
Noiva Indiana é um
policial escrito pela norueguesa Karin Fossum e foi traduzido por José Mendonça
da Cruz. Ganhou o prémio do Jornal Los Angels Times, na categoria de
policial/thriller e foi finalista do Gold and Silver Dagger Award.
Günder
Jomann, um norueguês solteirão, vendedor de máquinas agrícolas, parte para a Índia
à procura de uma noiva. Lá, no café restaurante que frequenta desde o primeiro
dia e onde regressa todos os dias, conhece Poona, uma empregada de mesa e
acredita que, ainda que com algumas características físicas não totalmente
perfeitas, como os dentes (que poderia vir a corrigir depois), ela é a mulher
com quem quer casar. Por seu turno, Poona deixa-se encantar por ele, apesar de “não
ter muito cabelo e não ser rápido a agir ou a pensar”, mas vê nos seus olhos
azuis uma calma e sinceridade de homem bom que a cativa, possui “mãos fortes e
acolhedoras” e dele exala uma “força tranquila”. Acredita que será feliz com
ele, que terá uma vida boa. Neste momento, podemos ver que este livro é mais do
que um policial, tem também algo de existencialista, de análise do ser humano,
dos seus limites, convidando-nos a uma reflexão, levando-nos a indagar-nos
sobre as razões de determinadas condutas. Não terá sido também a pobreza em que
vivia Poona, que já só tinha um irmão na Índia e ainda mais pobre do que ela,
que a levaria a aceitar casar-se com Günder? Indagações à parte, acabam por
casar na Índia. Günder regressa antes à Noruega, visto que Poona tem ainda
alguns assuntos a resolver. E fica marcado o dia do seu regresso, pelo qual
Günder aguarda com muita ansiedade e alegria.
Porém,
quando está para ir buscar a sua esposa ao aeroporto, recebe um telefonema que o
impede de o fazer. A irmã, Marie, sofreu um terrível acidente de viação e
encontra-se em coma no hospital. Estando o cunhado fora, teria de ser Günder a
ir ter com a irmã. Fica em pânico. Com poucos amigos, não sabia como haveria de
contornar esta situação e não podia sair de ao pé da irmã. Pede, então, a um
taxista conhecido que a vá buscar, dando-lhe todos os pormenores para que ele a
encontre.
Tal
não sucede, ele não a encontra.
Mais
tarde, é encontrada uma indiana morta e desfigurada a escassos metros da casa
de Günder.
Quem
poderia ter cometido uma atrocidade daquelas?
Todos
os indícios levam a um jovem, Gøran. Mas terá sido mesmo ele? Estas dúvidas
acompanham-nos até ao fim.
É
um livro surpreendente, bem escrito, com uma narrativa que prende, que desperta
a curiosidade. A certa altura, vemo-nos incapazes de o largar. Não queremos
perder nenhum pormenor da investigação do inspetor Konrad Sejer. Aos poucos,
sentimo-nos habitantes de Elvestad, conhecemos (de vista) todos os seus
moradores, alguns capazes de nos despertar mesmo raiva. Mas, o que é certo, é
que não conhecemos profundamente ninguém. E qualquer um, por motivos diferentes
ou até sem qualquer motivo aparente, poderia ter sido o assassino.
Aconselho
vivamente a leitura deste livro.
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