O’Brien, Edna (2019). Na Floresta. Amadora: Cavalo de Ferro
Nº de páginas: 240
Início da
leitura: 30/01/2021
Fim da leitura: 31/0/2021
Na
Floresta é um livro
escrito por Edna O’Brien e foi traduzido por Manuel Alberto Vieira. Um livro
que tem tanto de pesado, forte, lúgubre, sinistro, macabro, quanto de
empolgante e envolvente. Comecei ontem e não consegui quase pousar (a não ser
para ler 50 páginas de outro livro que comecei hoje para um desafio de leitura
conjunta).
Que
livro! Ainda estou em choque e, ao mesmo tempo, em êxtase! Um forte e cru abanão.
Baseado numa história real sobre o desaparecimento de Imelda Riney, de 29 anos
e seu filho, de 3 anos, em abril de 1994, no Condado de Clare, bem como de um
padre, Joe Walshe, do Condado de Galway. Até que ponto se é do bem ou do mal? Será
que uma infância de rejeição, de sofrimento, de abusos, entre uma e outra
instituição, serão suficientes para justificar a atuação e a conduta de um
homicida?
Partindo
da história real já mencionada, surge-nos o jovem problemático Mich O’Kane, um
órfão de mãe (a única pessoa que, segundo ele, o entendia), temido por todos e
que, ao sair do local onde vivia, prometeu regressar com um banho de sangue.
Mich é um jovem desequilibrado, sem limites para nada, sem emoções morais e que
atribui os seus atos às vozes do mal que lhe falam e com as quais conversa
durante os seus sonhos ou alucinações, na sua própria solidão. E é
impressionante como a autora nos coloca perante os pensamentos, a mente
psicótica deste jovem. Cheguei, no início, a ter pena da criança que, como
muitas crianças, foi vítima de tanta violência e de abusos nas instituições por
que passou. Mas, se calhar, já desde a infância que lá estava aquele ser
distorcido e violento que, mais tarde se vem a revelar. Um psicopata é sempre
um psicopata, sem noção de nada (já tive um aluno com perturbações deste foro e
que tentou matar os avós. Confirmo que nunca sabia como ia reagir numa aula.
Sei que tinha um plano detalhado para destruir a cidade onde vivo. Era preciso tratá-lo
com “pinças”, sempre a medo, sem saber a próxima reação. Por isso, ainda mais
curiosa fiquei para tentar perceber uma mente destas, algo que não tem
explicação).
Um
livro 5 estrelas. Muito bem escrito, envolvente e para o qual somos sugados
como um lodaçal que nos absorve e é com dificuldade que dele saímos.
Célia Gil
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