A Devastação, Helena Magalhães

 Magalhães, Helena (2023). A Devastação. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 344
Início da leitura: 11/07/2023
Fim da leitura: 13/07/2023

**SINOPSE**
"No final do verão de 1990, Mar, com apenas seis anos, é enviada para o Romeirão, um internato Católico no Alentejo onde fica até aos 15 anos. Cresce no meio de regras e privações, castigos e fome, mas rodeada e protegida pela irmandade das outras raparigas, principalmente Anita e Amália, mas também de Eduardo, um dos rapazes da vila, com quem vai criar uma relação inesperada e viver as primeiras descobertas de amor.

Anos depois, ainda a lidar com o trauma do passado, com as drogas, a depressão e a solidão, é ao lado de Isabel, Alice e Luísa que aprende a viver uma nova vida sóbria e em paz. Quando reencontra Eduardo, nenhum consegue resistir à ligação magnética, mas com ele voltam feridas antigas que a assombram desde a noite em fugiu do Romeirão. A pequena Mar que se transformou na Marisa das Argolas, a vilã de Raparigas Como Nós, regressa nesta ousada crítica ao patriarcado português. Escrita com sagacidade e emoção, a devastação explora o poder das amizades femininas e captura as complexidades humanas e familiares, a eletricidade do primeiro amor e os segredos que nos enjaulam em locais amaldiçoados dentro de nós."
Este é um livro cuja premissa inicial nos prende imediatamente: uma criança, Mar, é deixada pelos pais ao cuidado da avó que, entretanto, morre, o que a leva a ir para um orfanato. Aí aprende, desde muito nova, como sobreviver num mundo onde não lhe resta ninguém, a aprender o bem e o mal, a aprender demasiado cedo o que uma criança não tem nem deve aprender...
A partir de um determinado momento, penso que se exagera um pouco no que concerne às suas desventuras, a sua devassidão (quero acreditar que nem sempre tem de ser assim, mesmo após a maior crueldade), mas a vida é dura e é assim que é aqui retratada neste livro ficcional, de forma nua e crua, sem lisonjas, numa verdadeira "devastação". Perder os mortos não é fácil, mas acredito que não será mais fácil perder os vivos, que morrem para nós, os que não ficaram para nos proteger... De realçar a forma como é abordado o poder da amizade, as complexas teias familiares e todos os acontecimentos que tecem memórias que enjaulam e precisam de ser libertadas nem que seja por um pequeno pontinho de esperança. 
Foi o primeiro livro que li da autora e gostei da forma como escreve. Aconselho! 

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