Internato, Serhij Zhadan

 Zhadan, Serhij (2023). Internato. Lisboa: Elsinore.

Tradução: Ana Prokopyshyn

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 02/07/2023

Fim da leitura: 05/07/2023

**SINOPSE**

"Uma viagem de sobrevivência numa cidade do leste da Ucrânia transformada em palco de guerra.

Um jovem professor procura trazer para casa o seu sobrinho de treze anos que se encontra num internato. Terá para isso de cruzar a cidade. Uma aventura perigosa de ida e volta, que durará um dia inteiro. A cidade está transformada num cenário de guerra e a escola um dos seus epicentros.

Com uma arte narrativa, descrita pela crítica como Jazz verbal, que transforma palavras em poderosas imagens, Zhadan descreve com rigor e inesperada poesia como a guerra transforma uma paisagem outrora familiar numa realidade apocalíptica, onde a destruição e o medo imperam."
Este é um livro que nos faz perder o fôlego. Intenso, duro. 
Pasha é professor e ensina a língua ucraniana. Quando a Ucrânia se torna palco de guerra, a pedido do "velho", resolve ir buscar o sobrinho ao internato onde a sua irmã (gémea) o terá deixado. Mas esta viagem até ao internato é inimaginável. A descrição dos acontecimentos, dos medos, da angústia, da fome, do desespero, do cansaço, é tão real, que nos sentimos lá, a vivenciar tudo com Pasha. Uma viagem que, para além de ser uma luta constante pela sobrevivência, é uma forma de questionamento da própria vida, da profissão enquanto docente. No regresso, Pasha fica, com efeito a conhecer o sobrinho e apercebe-se de que está mais próximo dele do que nunca. Apercebe-se de quão pouco o conhecia, ou queria saber dele... Também para o sobrinho, de 13 anos, esta viagem é um longo caminho para casa, uma viagem de amadurecimento. 
Uma viagem de 3 dias, de ida e volta, pela guerra, pela podridão, pelo Inferno, por tudo o que de maquiavélico pode haver no ser humano. E, ao mesmo tempo, é uma metáfora da luta por um regresso a casa, uma casa que "cheira a lençóis limpos". Magnífico!

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