O Pequeno Restaurante da Felicidade, Ito Ogava

Ogava, Ito (2023). O Pequeno Restaurante da Felicidade. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Maria Manso
Nº de páginas: 208
Início da leitura: 28/07/2023
Fim da leitura: 29/07/2023

**SINOPSE**

"A felicidade está nas pequenas coisas? Está, e há um restaurante numa aldeia japonesa que a serve, todos os dias, aos poucos que têm o privilégio de o encontrar.

Rinko, uma rapariga de 24 anos, perde a voz ao rodar a chave na porta e encontrar a sua casa vazia. Tudo, absolutamente tudo, desapareceu, incluindo o almofariz e o pilão que herdara da avó. Também desaparecido sem deixar rasto está o namorado, o maître do restaurante que fica mesmo ao lado daquele em que ela trabalha. Para Rinko, não resta alternativa: tem de deixar Tóquio e regressar à sua aldeia, de onde partiu há mais de dez anos.

Às vezes, a vida tem caminhos misteriosos. É naquela aldeia, da qual, ainda adolescente, fugiu num dia de primavera, que Rinko tem uma ideia que muda o rumo da sua vida e tocará, de forma profunda, a vida de outras pessoas: abrirá um pequeno restaurante, muito especial, no qual só há uma mesa e onde, todos os dias, cozinhará pratos diferentes, em função dos gostos e desejos dos seus clientes.

É então que a verdadeira transformação começa. Cada uma das pessoas que degustam as receitas de Rinko vai encontrar a felicidade - uma rapariga consegue conquistar o coração do rapaz que ama, uma mulher reencontra a vontade de viver...

Bem-vindos ao Pequeno Restaurante da Felicidade, o bestseller japonês que junta os melhores ingredientes para lhe dar uma leitura doce, suave e inesquecível."
Com efeito, esta é uma obra doce...até certo ponto! Quando Rinko, que partiu há uns anos para Tóquio para se dedicar à culinária, se depara com adversidades, como o roubo de todos os seus instrumentos de cozinha, fragilizada que está com o desaparecimento do namorado, bem como outras "pequenas" contrariedades, decide voltar à sua terra Natal, onde deixou uma mãe que não compreende e que considera viver uma vida pouco própria, Rinko tem de ser muito forte para aceitar esta derrota de evasão pessoal e voltar a contar com o apoio da mãe (que não queria e a quem desprezava). 
Mas a possibilidade de montar o seu restaurante de raiz, fazem com que a sua vida ganhe novo sentido. E quando o seu restaurante ganha a fama de tornar coisas aparentemente impossíveis em reais...
É aqui que contacta com a verdadeira comida natural, sem ser processada e sem químicos, que lhe poderão dar a possibilidade de realizar receitas que se apoderem dos sentidos e se tornem irresistíveis.
Porém, não é apenas isso que a espera e as revelações da mãe vão surpreendê-la.
Salvaguardo a parte final, que pode ferir pessoas mais sensíveis em relação aos seus animais domésticos, sobretudo quando já fazem parte da família. Há tradições, há pedidos, há superstições que levam a atos que nós, europeus, ainda não conseguimos entender e nos revolta e enoja. Mas é sempre bom conhecer outras culturas. Ainda que não se chegue a uma antropofagia, o nosso subconsciente leva-nos a encará-lo como tal, quando se trata de um animal que "faz parte da família". Porém, aqui é-nos apresentada uma forma diferente de ver as coisas e eu gosto de saber o que pensam os vários povos sobre estas situações. Entendem que o animal morto se perpetua em si para sempre, ao degustarem-no. Depois, há animais que se crê serem a representações dos "seus" mortos. Como encarar a sua degustação?
Não digo que animais são. Terão oportunidade de o saberem ao lerem.

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