Uma Casa em Portugal, Richard Hewitt

Hewitt, Richard (1999). Uma Casa em Portugal. Lisboa: Gradiva.

Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues

Nº de páginas: 220

Início da leitura: 21/07/2023

Fim da leitura: 23/07/2023

**SINOPSE**

"Uma história verdadeira que relata as alegrias e as frustrações de um casal de americanos a viver em Portugal.

Para escapar ao inverno rigoroso da Nova Inglaterra, Richard e Barbara Hewitt decidem comprar uma casa com 300 anos situada numa aldeia minúscula nos arredores de Lisboa. Assim começam as aventuras -- e as desventuras -- do casal. Em breve descobrem que a sua pitoresca casa de sonho é não apenas estruturalmente frágil, como não possui nenhuma das condições básicas de conforto. Por outro lado, o contacto com a população local revela-se frequentemente desconcertante. António, o autoproclamado mestre pedreiro e carpinteiro, mostra-se exímio na arte de arranjar desculpas para faltar ao trabalho, e Alberto, o eletricista, desempenha as suas funções de uma forma extremamente sui generis, isto é, por tentativa e erro.

Servido por um humor irresistível e, afinal, por uma ternura muitas vezes tocante pelas coisas portuguesas, Uma casa em Portugal irá certamente deliciar o leitor. As considerações de Richard Hewitt sobre a «lógica singular» do estilo de vida português surgem impregnadas dessa frescura que é apanágio dos observadores estrangeiros, capazes de se espantarem com um sem número de idiossincrasias e peculiaridades que nos passam despercebidas..."

Este é um bom livro para descontrair, sem pretensões literárias.
Apesar de a ação decorrer nos anos noventa, e de a crítica se reportar a essa época, acho que há muitas coisas que continuam a funcionar desta forma, ou melhor, a não funcionar lá muito bem, no nosso país.
Este casal sonhou com a construção de uma casa em Portugal, um lugar de sol, onde teriam tudo para serem felizes. Mas, desde a chegada a Sintra, num dia nevoento e frio, que nem tudo lhes parecerá tão fácil, como de início. 
Com efeito, nada será fácil: encontrar uma casa antiga para reconstruir, o contrato de compra e venda, a contratação de pessoal para trabalhar, o trabalho efetivo dos contratados, os difíceis acessos (que não permitiam a passagem de camiões), a falta de saneamento e de água canalizada. Para conseguir tudo isto, não imaginavam o que teriam ainda de passar... Um livro hilariante, onde reconhecemos características do nosso país, sobre muitas das quais nem havíamos refletido, vistas por estrangeiros que nem sequer gostavam de bacalhau (um peixe pescado na Noruega, que "ascendera, não se sabia como, ao exaltado panteão das iguarias portuguesas. (...) Havia tanto peixe fresco suculento que não fazia sentido nenhum perder tempo a preparar aquelas placas achatadas e duras como pedra do Plistocénico"). Seriam eles, alguma vez, capazes de se habituarem a esta vida, tão diferente da que tinham,  em Portugal? 
Confesso que, se tivesse levado este livro a sério, o meu orgulho patriótico, poderia sentir-se ferido. Mas não, não foi o que senti, encarei com ligeireza, até porque acabam por se afeiçoar a tudo o que criticavam.

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