Almeida, Germano de (2018). Dona Pura e os Camaradas de Abril. Lisboa: Editorial Caminho.
N.º de páginas: 226
Início da leitura: 07/04/2025
Fim da leitura: 09/04/2025
**SINOPSE**
"Depois de ter perdido o dinheiro da bolsa da Gulbenkian a jogar às cartas pela noite dentro, o jovem cabo-verdiano, estudante de Direito, acorda na manhã seguinte, no seu quarto alugado a Campo de Ourique, com a notícia da Revolução. Sai de casa para a ir ver na rua, essa Revolução Libertadora de povos e pátrias. Mas conhece mal Lisboa, corre ruas praças e avenidas e não vê revolução nenhuma. Mas Revolução houve, e séria, que abalou a vida de quase tanta gente como o número de personagens de que esta história se compõe."
Este romance decorre em Lisboa e tem como pano de fundo alguns acontecimentos históricos, não deixando de ser uma obra ficcional, a obra de um "contador de histórias", como se designa o próprio Germano de Almeida. A história inicia-se com a personagem Natal, antigo estudante cabo-verdiano, que estudava em Portugal durante a Revolução, e o seu estranho hábito de celebrar o 25 de Abril a 25 de Setembro, dia em que se celebra a desastrosa ocupação da Casa de Macau.
A história narrada, através de uma analepse, decorre durante 20 anos de história de Cabo verde e Portugal, e vai-se detendo em vários acontecimentos históricos, como a Revolução de Abril, a descolonização, a democratização de Cabo Verde, entre outros.
O humor fino, a linguagem rica em oralidade e o tom satírico tornam a leitura envolvente, enquanto se levanta um olhar questionador sobre o poder, o idealismo revolucionário e a burocracia.
A escrita de Germano Almeida mostra-se fluida, com um ritmo próprio que dá voz às personagens e à cultura cabo-verdiana, revelando também a sua visão crítica sobre os desdobramentos da revolução no contexto das ex-colónias. Uma leitura cativante, que cruza história, política e identidade com mestria. Aconselho!
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