Donlea, Charlie (2025). A Rapariga Sem Passado. Lisboa: Editorial Presença.
Tradução: Fátima AndradeN.º de páginas: 400
Início da leitura: 15/08/2025
Fim da leitura: 16/08/2025
**SINOPSE**
"A verdade, quando revelada, pode ser mais mortal do que qualquer mentira.
Sloan Hastings, uma jovem patologista forense, submete o seu ADN num site de genealogia com um único objetivo: candidatar-se a uma bolsa de investigação. Na verdade, Sloan tem algumas reservas quanto à experiência: é adotada e nunca pensou procurar os seus pais biológicos.
Os testes de ADN revelam que Sloan é Charlotte Margolis, conhecida como Baby Charlotte, desaparecida misteriosamente com os pais, em 1995. Em busca de respostas, Sloan viaja até Cedar Creek, no Nevada, onde conhece a família biológica. Embora inicialmente acolhedores, os Margolis escondem segredos sombrios e nem todos parecem satisfeitos com aquele regresso. À medida que Sloan investiga o passado, percebe que há quem prefira que certas verdades permaneçam enterradas - mesmo que isso signifique matar."
A Rapariga Sem Passado, de Charlie Donlea, é um thriller psicológico que cumpre exemplarmente a promessa de agarrar o leitor desde as primeiras páginas e mantê-lo em tensão até ao desfecho. O autor constrói uma narrativa em que o suspense não surge de forma brusca, mas antes se desenvolve em crescendo, alimentando a curiosidade e a ansiedade a cada novo capítulo. Essa cadência é talvez um dos pontos mais fortes do livro: a sensação de que há sempre mais uma peça de um puzzle por descobrir, o que impele a leitura contínua e quase compulsiva.
A escrita é ágil e direta, sem excessos estilísticos, o que a torna particularmente apelativa para uma leitura de verão — leve no ritmo, mas intensa na emoção. Donlea sabe criar atmosferas de incerteza e desconfiança, explorando bem o impacto da memória, da identidade e da verdade oculta. Ao mesmo tempo, as personagens são desenhadas de forma suficientemente complexa para que a intriga não se limite à ação, mas também ao psicológico, contribuindo para o efeito global de inquietação.
Se por um lado não se trata de um romance inovador em termos de temática — uma jovem sem passado, marcada por segredos e um mistério que a envolve —, por outro, a forma como a intriga é conduzida e a escalada gradual do suspense fazem dele uma leitura viciante.