Kellen, Alice (2025). A Teoria dos Arquipélagos. Lisboa: Editorial Presença.
Tradução: Ana Rita Sintra
N.º de páginas: 200
Início da leitura: 23/11/2025
Fim da leitura: 23/11/2025
**SINOPSE**
"Ninguém está sozinho no mudo. Somos ilhas, sim, cada um de nós, mas podemos aproximar-nos, tocar-nos… e formar arquipélagos de amor.
Se as nossas vidas apenas se medissem em tempo, o amor não existia: ele não se compadece das ciências exatas, não quer nem saber do politicamente correto, manda às urtigas a opinião dos outros. Porque, quando o amor existe, se realmente é amor, a nossa vida passa a medir-se por ele.
Martín e Isaac conheceram-se no verão de 1980 e, como duas ilhas que o mar aproxima com ondas de paixão, foram-se aproximando, formando um arquipélago. Mas a vida avançou, as ilhas afastaram-se, e só na primavera de 2018 voltarão a juntar-se.
Em fogo lento, esta é a história de duas pessoas que o destino parece querer juntar, separar e voltar a pôr à prova; é uma história em que a delicadeza da escrita acompanha a beleza do impossível; é um romance que mostra a alegria e a dor, os dias de sol e a chuva que cai, brutal, sem aviso, na mesma medida - como todos os beijos que demos, sonhámos, esperámos ou nunca tivemos."
A Teoria dos Arquipélagos, de Alice Kellen, é um romance que se distingue pela delicadeza com que aborda temas emocionalmente densos, convidando o leitor a entrar num espaço íntimo onde o amor, nas suas múltiplas formas, se confronta com as convenções sociais e familiares. A autora constrói uma narrativa que, sem recorrer a excessos melodramáticos, comove pela sinceridade com que penetra nas fragilidades humanas. É precisamente nesta abordagem sensível que reside grande parte da força do livro: a consciência de que cada gesto, cada silêncio e cada renúncia carregam um peso que o tempo nem sempre dissolve.
A alternância entre o passado e o presente, entre o verão de 1980 e a primavera de 2018, é conduzida com fluidez, permitindo ao leitor acompanhar a evolução interior de Martín. Aos setenta anos, ele decide revisitar um acontecimento que mudou o rumo da sua vida, numa tentativa de compreender, reparar ou simplesmente fechar um momento da sua vida que ficou suspenso durante décadas. Esta estrutura fragmentada em dois tempos, não só acrescenta ritmo ao romance, como também sublinha a ideia de que o presente nunca existe sem a sombra (ou a luz) do passado.
Alice Kellen cria aqui uma espécie de geografia sentimental, onde cada personagem ocupa a sua “ilha”, com medos, desejos e limitações próprios. A metáfora dos arquipélagos torna-se central para a leitura: é o amor, e apenas o amor, que tem a capacidade de construir pontes entre essas ilhas, de aproximar vidas que, à primeira vista, pareceriam condenadas à distância. A narrativa da autora, marcada por um tom poético e melódico, reforça esta dimensão contemplativa, conferindo ao romance um ritmo suave que convida à introspeção.
Escolhi este livro pela sinopse, uma vez que ainda não tinha lido nada da autora. Esta é uma leitura triste, mas que acalma e, em determinados momentos, conforta e que, sem dúvida, vicia. Gostei muito.
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