Sendker, Jean-Philipp (2025). O Silêncio Que Guardaste no Coração. Lisboa: Alma do Livros.
Tradução: Hugo Alves
N.º de páginas: 336
Início da leitura: 24/11/2025
Fim da leitura: 27/11/2025
**SINOPSE**
"Julia Win é uma advogada bem-sucedida em Manhattan, mas a sua vida privada está numa encruzilhada; acabou recentemente o namoro, sofreu um aborto espontâneo e, apesar do sucesso profissional, sente-se perdida, exausta e infeliz.
Um dia, a meio de uma importante reunião de negócios, ouve uma voz na sua cabeça que a leva a abandonar o escritório sem dar nenhuma explicação. Nos dias seguintes, a crise agrava-se. Não só a voz se recusa a desaparecer, como começa a fazer perguntas que Julia tem tentado evitar:
Porque é que vives sozinha?
De quem é que te sentes próxima?
O que é que queres da vida?
Entrelaçada com a história de Julia, está a de uma mulher birmanesa chamada Nu Nu, que vê o seu mundo virado do avesso quando a Birmânia entra em guerra e chama os seus dois filhos para serem crianças-soldado."
Um dia, a meio de uma importante reunião de negócios, ouve uma voz na sua cabeça que a leva a abandonar o escritório sem dar nenhuma explicação. Nos dias seguintes, a crise agrava-se. Não só a voz se recusa a desaparecer, como começa a fazer perguntas que Julia tem tentado evitar:
Porque é que vives sozinha?
De quem é que te sentes próxima?
O que é que queres da vida?
Entrelaçada com a história de Julia, está a de uma mulher birmanesa chamada Nu Nu, que vê o seu mundo virado do avesso quando a Birmânia entra em guerra e chama os seus dois filhos para serem crianças-soldado."
O Silêncio que Guardaste no Coração é uma obra que se inscreve na linha narrativa típica de Jan-Philipp Sendker, marcada pela delicadeza emocional, pela introspeção e por uma atmosfera que combina intimidade psicológica com um exotismo contido. O autor constrói uma história que se desenvolve num registo pausado, sustentada por uma escrita clara e emocionalmente depurada, que se centra menos sobre a ação e mais sobre os estados de alma das personagens.
A força do romance reside sobretudo na capacidade de Sendker para explorar o tema do silêncio, enquanto ausência de palavras, mas também como espaço interior onde se acumula aquilo que não pôde ser dito. O título é, nesse sentido, fiel ao tom da narrativa: há nos protagonistas uma dor contida que só se revela gradualmente, à medida que o enredo avança. Esta abordagem favorece uma leitura contemplativa, convidando o leitor a acompanhar o processo de reconciliação entre o passado e o presente.
Contudo, considero que essa mesma contenção emocional limita o impacto da obra. O autor tende a privilegiar um sentimentalismo subtil, mas constante, que nem sempre encontra equilíbrio com o desenvolvimento das personagens secundárias, algumas das quais surgem como figuras mais simbólicas do que reais. Há também momentos em que o ritmo lento se aproxima de uma certa previsibilidade.
Ainda assim, a sensibilidade do autor ao abordar temas como a perda, a distância emocional e a possibilidade de redenção, confere ao livro uma profundidade discreta. A narrativa destaca-se pela forma como articula paisagens exteriores e interiores, transformando a geografia numa metáfora da vida emocional das personagens. A premissa prometia, mas, quanto a mim, não foi desenvolvida de forma interessante. Esperava mais.

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