Gago, André (2010). Rio Homem. Alfragide: Edições ASA II.
N.º de páginas:320Início da leitura: 09/12/2025
Fim da leitura: 13/12/2025
**SINOPSE**
"Em plena Guerra Civil de Espanha, Rogelio - um jovem galego de ideais republicanos - e alguns dos seus companheiros de guerrilha entram em Portugal clandestinamente com o propósito de apanhar, na cidade do Porto, um navio que os leve aos Estados Unidos e os liberte para sempre da ameaça do fuzilamento e da prisão. Porém, no momento em que Rogelio se afasta do grupo para testar a segurança da próxima etapa da viagem, desconhece que virou do avesso o próprio destino: doravante completamente só num país que desconhece, o jovem sofrerá uma experiência pró-xima da morte que, paradoxalmente, o fará renascer como homem no seio de uma comunidade algo visionária, visitada e admirada por grandes intelectuais - a aldeia de Vilarinho da Furna. Aí encontrará o amor, de muitas maneiras. Exaustivamente investigado, narrado com mestria e beleza e com uma galeria de personagens admiráveis (entre as quais não podemos deixar de reconhecer, por exemplo, Miguel Torga), Rio Homem cruza duas histórias magistrais - a de um refugiado que perdeu todas as suas referências e a da aldeia comunitária que o acolheu e que hoje jaz submersa na albufeira de uma barragem."
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Não conhecia a escrita do autor e estava curiosa. Surpreendeu-me a escrita, cuidada e segura, com rigor narrativo e que se lê com agrado.
Contudo, essa solidez estilística nem sempre encontra correspondência na força da história. A narrativa, apesar de competente, não se revela particularmente instigante, faltando-lhe, por vezes, tensão ou surpresa suficientes para manter o leitor emocionalmente envolvido. Em vários momentos, o romance parece perder fôlego e arrasta-se, como se estivesse excessivamente preso ao dever de explicar em vez de avançar. Essa sensação é acentuada pela presença de longas digressões que interrompem o fluxo narrativo e diluem o impacto dramático dos acontecimentos.
Um dos aspectos mais problemáticos do livro reside precisamente no excesso de contextualização histórica. André Gago demonstra um claro empenho em situar o leitor no tempo e no espaço, oferecendo um enquadramento histórico detalhado e rigoroso. Essa contextualização é, em si mesma, bem conseguida e revela um trabalho de pesquisa sólido. No entanto, torna-se excessiva. As explicações alongam-se e, não raras vezes, tornam-se repetitivas. O que poderia servir para enriquecer o romance acaba por o sobrecarregar, travando o ritmo e diminuindo o envolvimento do leitor.
Ainda assim, pelo rigor e escrita, recomendo a leitura.
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