Sukegawa, Dirian (2025). Os Gatos de Shinjuku. Lisboa: Edições ASA.
Tradução: Ana Marta CaioN.º de páginas: 224
Início da leitura: 08/11/2025
Fim da leitura: 11/11/2025
**SINOPSE**
"No coração de Tóquio, o bairro de Shinjuku resiste à proliferação de arranha-céus e à azáfama da vida moderna. Neste pequeno mundo de ruínas sublimes e lanternas coloridas, encontra-se um bar chamado Karinka, abrigo de eleição de pessoas excêntricas e gatos vadios. É aqui que dois jovens se conhecem: Yama, um argumentista de televisão daltónico; e Yume, a tímida empregada de mesa e protetora dos muitos felinos da zona. À medida que estes dois seres solitários ganham a confiança um do outro, a amizade parece tornar-se em algo mais profundo, mas o passado de Yume teima em não ficar para trás...
A exuberância das noites de Tóquio é o pano de fundo de Os Gatos de Shinjuku, uma história feita de encontros - humanos e felinos -, vidas intrincadas, poesia palpitante e redenção. Terno e original, é um romance inesquecível."
Situado no bairro muito frequentado e, por vezes, cruel de Shinjuku, em Tóquio, o romance conduz-nos por ruas onde se cruzam sonhos desfeitos, vidas à margem e pequenos gestos de bondade que resistem à indiferença. Sukegawa tem o dom de transformar o quotidiano urbano em poesia, uma poesia discreta, que se insinua nas entrelinhas e nas pausas do texto.
O livro aborda temas complexos: a empatia como forma de resistência, os amores impossíveis que nascem em contextos adversos, e a violência silenciosa das relações de poder, sobretudo no mundo laboral. No entanto, o autor nunca cede ao melodrama nem à moralização. A dor está presente, mas é tratada com uma doçura que nunca é ingénua. É precisamente nessa tensão entre a dureza da realidade e a suavidade da linguagem que reside a beleza da obra.
Os “gatos” do título funcionam como metáfora dos próprios protagonistas: seres livres e vulneráveis, que procuram um lugar de pertença num mundo que parece sempre prestes a expulsá-los. Há algo de profundamente universal nesta procura por abrigo e afeto.
A escrita de Sukegawa é poética, mas nunca excessiva. Cada frase parece cuidadosamente medida, como se o autor procurasse o equilíbrio entre a leveza do haiku e a densidade da prosa contemporânea. O resultado é uma leitura que se desenrola com a serenidade de uma canção triste, dessas que ecoam muito depois de terminarem.
Gostei!






























