Constable, Harriet (2025). A Violinista. Lisboa: Casa das Letras.
Tradução: Rui Filipe
N.º de páginas: 384
Início da leitura: 28/06/2025
Fim da leitura: 30/06/2025
**SINOPSE**
"Anna Maria só conheceu a vida dentro da Pietà, um orfanato para crianças nascidas de prostitutas. Mas as meninas da Pietà têm sorte num certo sentido: a maioria dos bebés nascidos na sua condição eram afogados nos canais da cidade. E apesar das regras rígidas, as meninas recebem aulas de canto e música desde tenra idade. As músicas mais promissoras têm a hipótese de escapar ao destino das restantes: o casamento forçado com qualquer um que as aceite.
Anna Maria está determinada a ser a melhor violinista que existe — e tudo o que Anna Maria se propõe a fazer, ela consegue. Afinal, as apostas não poderiam ser mais altas. Mas estamos em 1704, e ela é uma menina. Em busca da sua ambição, irá pôr à prova tudo o que lhe é querido, especialmente quando se torna claro que o seu instrutor, Antonio Vivaldi, lhe ensinará tudo o que sabe — mas não sem receber algo em troca.
Dos opulentos palácios de Veneza aos seus canais cobertos de lama, A Violinista é um retrato escaldante de ambição e traição. É a história da ambição irreprimível de uma mulher e da sua ascensão ao topo. É também a história das órfãs de Veneza que superaram a miséria e o abuso para fazer música, e cujas contribuições para algumas das obras mais importantes da música clássica, incluindo As Quatro Estações, foram ignoradas durante demasiado tempo.
Uma exploração apaixonada e vívida da arte e da ambição, do génio e da exploração, da perda e do triunfo."
Este foi um livro que me captou a atenção pela capa lindíssima. Depois, ao ler a sinopse, fiquei curiosa com a história. Esta obra parte de uma premissa apelativa: o abandono de uma criança num convento, o peso do passado e o sonho de vingar no mundo da música clássica, num percurso cheio de obstáculos sociais e emocionais. É um enredo com potencial para cativar o leitor, sobretudo para quem aprecia histórias de superação e personagens femininas fortes.
Contudo, relativamente ao ritmo do livro, apesar dos elementos dramáticos e da evolução pessoal da protagonista, considerei que há momentos em que a narrativa se torna monótona e até previsível. Os episódios relacionados com o quotidiano da rapariga no convento ou a insistência em determinados dilemas emocionais acabam por ser repetitivos e, por vezes, esvaziam o impacto de outras passagens mais marcantes.
Além disso, a escrita de Constable, embora cuidada e com descrições interessantes, pode pecar por um certo excesso de detalhe em momentos que não o justificam, o que contribui para essa sensação de monotonia em certas partes da obra.
Ainda assim, reconheço mérito na construção da protagonista e na forma como a autora aborda temas como o preconceito, a ambição e a procura de identidade, especialmente num contexto social historicamente desafiante para as mulheres.
Recomendo para quem aprecia o género.