Nascido de Ninguém, Frederico d'Orey

 D'Orey, Frederico (2024). Nascido de Ninguém. Lisboa: Guerra e Paz.

N.º de páginas: 144
Início e fim da leitura: 07 de junho de 2025

**SINOPSE**
"Na sombra dos horrores da Segunda Guerra Mundial, Hans, um menino austríaco, é adoptado por uma influente família portuguesa. Já adulto, a perturbante notícia de um massacre leva-o a iniciar uma jornada em busca das suas verdadeiras origens.

Será que o que irá encontrar poderá abalar a sua identidade para sempre? Conseguirá Hans reconciliar-se com as suas memórias e aceitar a sua herança?

Tocando numa das grandes feridas da Humanidade, Nascido de Ninguém narra a emocionante jornada de autodescoberta de um homem que, para se encontrar a si mesmo, terá de enfrentar um passado turbulento.

Nascido de Ninguém é um romance de estreia de Frederico d’Orey sobre como mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o coração humano consegue sempre encontrar a luz."

Gostei muito deste livro. A escrita de Frederico d’Orey é contida, elegante e profundamente humana. Não precisa de grandes artifícios para comover — há uma honestidade crua na forma como nos apresenta Hans, esse rapaz com um passado manchado por culpas, que nem sempre lhe pertencem.

A relação entre o trauma individual e o peso da História foi muito bem explorada. Senti que o autor não estava interessado apenas em contar uma história “comovente”, mas sim em mostrar como as feridas do passado nos moldam — mesmo quando tentamos recomeçar, longe de tudo. Há uma dimensão humana, quase silenciosa, que nos obriga a olhar para dentro. 

Além disso, a construção da identidade do protagonista — entre a Áustria e Portugal, entre o passado e o presente — tem uma delicadeza rara. O livro não nos dá tudo de bandeja, e isso torna-o ainda mais poderoso. Há espaço para o leitor respirar, imaginar, sentir.

É daqueles romances que terminamos devagar, quase com pena, e que nos acompanha por muito tempo. Recomendo.

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