Kidd, Sue Monk (2015). A Invenção das Asas. S. Pedro do Estoril: Chá das Cinco.
Nº
de páginas: 416
Tradutora:
Fernanda Semedo
Início
da leitura: 30/09/2021
Fim
da leitura: 02/10/2021
SINOPSE
Hetty,
uma escrava do início do século XIX, sonha com uma vida para lá das paredes
sufocantes da opulenta mansão Grimké.
Sarah,
a filha dos Grimké, desde cedo que quer fazer algo pelo mundo, mas é sufocada
pelos limites rígidos impostos às mulheres.
Tudo
tem início quando Sarah faz onze anos e lhe dão Hetty, um ano mais nova, para
ser sua aia. Nas décadas seguintes, cada uma à sua maneira, as jovens lutam por
liberdade e independência. Moldando o destino uma da outra, vivem uma intensa
relação de amizade marcada pela culpa, rebeldia, separação, os caminhos ínvios
do amor e também pelo nascimento do movimento abolicionista que mudará as suas
vidas para sempre. Será que a religião, a sociedade e a família podem enfrentar
os sonhos de duas jovens?
Inspirada
pela figura histórica de Sarah Grimké, Sue Monk Kidd transcende o registo
histórico para nos oferecer um testemunho deslumbrante e poderoso da luta das
mulheres e dos escravos em nome da liberdade. A Invenção das Asas é um triunfo
da arte de contar histórias, abordando um tema sensível e atual, de uma forma
honesta e poética.
OPINIÃO
Este
é o segundo livro que leio da autora e, mais uma vez, não me desiludiu. Gosto
da forma como escreve, pois consegue imprimir uma certa doçura a uma história
de vida dura e que mexe intimamente com o leitor.
Partindo
de acontecimentos históricos reais, que envolveram uma grande pesquisa por
parte da autora, esta consegue transformá-los, ficcioná-los, de uma forma
impressionante.
Inspirou-se
na vida das irmãs Sarah e Angelina Grimké, apresentando-as como personagens
admiráveis, uma vez que nasceram e foram criadas no seio de uma família aristocrata,
que tinha e torturava os seus escravos e, ainda assim, lutaram, de forma bastante
interventiva, contra a escravatura, a igualdade de género, o ostracismo, os
valores proclamados pela Igreja, enfrentando e afrontando toda uma sociedade
fechada no seu egoísmo, censura, hostilidade e violência.
Apesar
de ficcionar a história destas grandes mulheres, a autora permaneceu fiel aos
princípios por que elas se debateram.
Sentiu,
porém, necessidade, de recriar a outra parte: a dos escravos. E fê-lo de forma
sublime. Handful e a mãe são personagens que nos marcam. A colcha feita pela Charlotte,
mauma de Handful, retrata toda a sua vida. Cada quadrado corresponde a
um momento da sua vida. A ideia da colcha foi inspirada nas colchas de uma
escrava que usou a técnica da aplicação africana para contar histórias.
Poderia
dizer muito mais sobre este magnífico livro, mas não quero desvendar mais para vos
permitir o mesmo prazer que eu tive ao ler este livro.
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