Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett, André F. Morgado e Gustavo Borges

 Garrett, Almeida; Morgado, André F. (2025). Frei Luís de Sousa. Lisboa: Levoir.

N.º de páginas: 64
Início da leitura: 17 de maio de 2025
Fim da leitura: 22 de maio de 2025

**SINOPSE**
"Frei Luís de Sousa é o nome religioso de Manuel de Sousa Coutinho, português que em 1600 ocupava o posto de capitão-mor de Almada e que se julga ter habitado no Bacelo, a sua propriedade situada no Pragal.

O enredo, inspirado na vida do escritor seiscentista Frei Luís de Sousa, de seu nome secular D. Manuel de Sousa Coutinho, tem como pano de fundo a resistência à dominação filipina.

D. João de Portugal foi dado como morto na batalha de Alcácer Quibir. Passaram-se sete anos e D. Madalena de Vilhena casa com D. Manuel de Sousa Coutinho, de quem tem uma filha, Maria, formando um lar virtuoso e feliz. A sua existência só é perturbada pelos tristes pressentimentos da frágil e sensível Maria e de Telmo, o velho aio, que continua à espera do regresso de D. João.

Este aparece, disfarçado de romeiro, e dá a conhecer a sua verdadeira identidade. o desfecho é trágico: Maria morre na igreja, no preciso momento em que os seus pais professam."

Esta adaptação para banda desenhada de Frei Luís de Sousa, publicada pela Levoir, representa uma ousada e meritória reinterpretação gráfica de um dos marcos do teatro romântico português. A obra original, da autoria de Almeida Garrett, é um drama histórico e patriótico do século XIX que mergulha nas complexidades da honra, do dever e da identidade nacional — temas que a adaptação consegue preservar e reinterpretar com sensibilidade visual e contemporaneidade.

André F. Morgado, responsável pela adaptação textual, realiza um trabalho de equilíbrio entre fidelidade ao texto original e acessibilidade moderna. A linguagem mantém um certo tom clássico, mas evita o anacronismo excessivo, tornando o enredo compreensível para leitores menos familiarizados com o teatro oitocentista. A estrutura da narrativa segue de forma coerente os grandes momentos dramáticos da peça — o regresso do suposto falecido D. João de Portugal, o dilema de D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho, e o desfecho trágico. Há uma clara preocupação em respeitar a densidade dramática da peça, mas também em usar os recursos visuais como veículo de interpretação, em vez de simples ilustração.

Com traço firme, expressivo e detalhado, Medina cria ambientes que respiram o espírito do século XVII, mantendo uma paleta sóbria que acentua a atmosfera trágica e introspetiva. As expressões faciais e a linguagem corporal dos personagens são fundamentais na transmissão da emoção — uma componente essencial num drama cuja força reside, muitas vezes, nos silêncios e olhares. Recomendo.

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