Feito, Virginia (2025). Victorian Psycho. Lisboa: Alfaguara.
Tradução: Sofia Ribeiro
N.º de páginas: 232
Início da leitura: 23/05/2025
Fim da leitura: 24/05/2025
**SINOPSE**
"Regressa finalmente, ainda mais provocadora e audaz, a que já é considerada por muitos a mestre espanhola do romance de suspense, que apanhou de surpresa imprensa, livreiros e leitores com Mrs. March, galardoado com o Prémio Valencia Negra.
Grim Wolds, Inglaterra: Winifred Notty chega a Ensor House disposta a desempenhar o papel da precetora vitoriana perfeita. Leal aos patrões, Mr. e Mrs. Pounds, compete-lhe educar os filhos destes, Drusilla e Andrew: a ela no Francês e na arte da costura, a ele, nas disciplinas de Álgebra e História. E, claro, contar-lhes histórias de embalar…
Contudo, Ensor House e os seus habitantes ocultam perversões e segredos sombrios, e depressa se torna evidente que Miss Notty tão-pouco é quem parece. Com o tempo, os outros criados da casa vão-se apercebendo de comportamentos bizarros: conta histórias sinistras às crianças, deambula, ao luar, em roupa interior pelos relvados da propriedade.
Além disso, há todo um passado da precetora que vai levantando inúmeras suspeitas. Que aconteceu às crianças com quem trabalhou antes? Por que razão o reverendo, seu padrasto, dormia com uma arma e a porta trancada depois da morte da mãe de Miss Notty? Que aconteceu realmente à sua mãe?
Divertido e macabro em doses iguais, Victorian Psycho vem confirmar o que Mrs. March deixava já intuir: a certeza de que estamos perante uma das vozes mais importantes da nova literatura de suspense, no melhor estilo de mestres como Patricia Highsmith, Daphne du Maurier ou Charles Dickens."
Esta é uma obra provocadora e que subverte as convenções do romance vitoriano, fundindo humor negro, crítica social e horror psicológico.
A sensação dominante durante a leitura é de desconforto — no melhor dos sentidos. A autora sabe exatamente onde cutucar o leitor: na expetativa de normalidade, nas convenções do romance gótico, na idealização de personagens femininas que costumam ser frágeis ou virtuosas.
A protagonista, Winifred, é um caso à parte. Não é uma vilã caricata nem uma anti-heroína glamorosa. Ela é genuinamente perturbadora, às vezes engraçada, noutras insuportável — mas nunca previsível. A sua frieza, os jogos psicológicos e o desprezo pelas normas sociais criam um magnetismo estranho: repulsa e fascínio coexistem o tempo todo.
Não é um livro para qualquer um. É preciso "ter estômago" para o ler. Quem não gosta de violência, sangue e afins, não deve ler este livro.
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