Montes, Raphael (2025). Suicidas. Lisboa: Cultura Editora.
N.º de páginas: 384
Início da leitura: 10/10/2025
Fim da leitura: 13/10/2025
**SINOPSE**
"Ainda antes de o mundo sonhar com o terrível jogo da baleia azul, que leva jovens a tirar a própria vida, ou que a série de televisão Thirteen Reasons Why se tornasse conhecida, Raphael Montes, então com 22 anos, já tratava do tema do suicídio entre jovens, com a ousadia que virou a sua marca registada.
Neste seu primeiro livro, que a Cultura edita depois dos sucessos Jantar Secreto e Uma Família Feliz, conhecemos a história de Alê e seus companheiros, jovens da elite do Rio de Janeiro encontrados mortos na quinta de um deles em condições que indiciam que os nove amigos haviam participado num jogo de roleta-russa.
O que terá levado aqueles adolescentes, aparentemente felizes e privilegiados, a tirar a própria vida?
A inspetora Diana Guimarães terá de juntar as peças de um puzzle sangrento e de convocar as mães dos suicidas para compreender o que aconteceu.
Do autor de Beleza Fatal e de Bom Dia, Verônica, séries da Max e da Netflix."
Como acontece com os restantes livros de Raphael Montes que já li, Suicidas confirma, mais uma vez, a capacidade do autor de nos surpreender e de nos prender irremediavelmente à narrativa. Montes tem o dom de explorar o lado mais sombrio da mente humana e de o fazer com uma crueza desarmante, sem filtros nem complacência.
Não é, de todo, uma leitura fácil. É um livro que exige estômago, que desafia o leitor a enfrentar a violência e a degradação moral que se escondem sob a superfície de uma juventude aparentemente banal. O autor constrói um thriller intenso, sangrento, quase claustrofóbico, que nos obriga a encarar o que há de mais desprezível - e, simultaneamente, de mais real - no ser humano.
O enredo, centrado num pacto macabro entre jovens que decidem pôr fim às suas vidas, não é apenas um exercício de horror psicológico. É também um espelho desconfortável da nossa sociedade contemporânea, marcada pelo vazio existencial, pela pressão do sucesso e pela incapacidade de lidar com a dor e o fracasso. Suicidas é, assim, uma chamada de atenção, que nos recorda o quão frágil pode ser a linha entre o desespero e a autodestruição.
Raphael Montes escreve com uma precisão quase cirúrgica: cada detalhe, cada diálogo, cada descrição contribui para adensar a atmosfera de tensão que domina o livro do início ao fim. Mesmo quando o enredo se torna quase insuportável, é impossível largar a leitura - somos arrastados pela curiosidade, pelo medo, pela necessidade de compreender o porquê de tudo aquilo.
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