Farré, Gemma Ventura (2025). A Lei do Inverno. Lisboa: Alma dos Livros.
Tradução: Rita Custódio
N.º de páginas: 112
Início da leitura: 07/11/2025
Fim da leitura: 08/11/2025
**SINOPSE**
"A Lei do Inverno é um convite a reconhecer a beleza dos laços intangíveis, a aceitar o ciclo da perda e a escutar o murmúrio daqueles que nos guiam, mesmo quando já partiram.
No silêncio suspenso do inverno, quando as cerejeiras se despem e a casa se enche de suaves ecos, uma jovem vela o avô. Em profunda solidão, discorre entre a memória e a imaginação, descobrindo que as presenças mais profundas são, por vezes, feitas de ausência.
Gemma Ventura Farré tece uma ode delicada ao invisível — aquilo que não se vê, mas que permanece: as vozes que nos sussurram ao ouvido, o amor que resiste ao tempo, a saudade que ilumina os dias e a forma como superamos cada ausência.
Num registo íntimo e mágico, esta é uma história destinada a tocar quem a lê. Celebra a delicadeza, a força do coração e o poder da imaginação, e recorda-nos de que, para renascer, é necessário, antes de mais, deixar ir."
No silêncio suspenso do inverno, quando as cerejeiras se despem e a casa se enche de suaves ecos, uma jovem vela o avô. Em profunda solidão, discorre entre a memória e a imaginação, descobrindo que as presenças mais profundas são, por vezes, feitas de ausência.
Gemma Ventura Farré tece uma ode delicada ao invisível — aquilo que não se vê, mas que permanece: as vozes que nos sussurram ao ouvido, o amor que resiste ao tempo, a saudade que ilumina os dias e a forma como superamos cada ausência.
Num registo íntimo e mágico, esta é uma história destinada a tocar quem a lê. Celebra a delicadeza, a força do coração e o poder da imaginação, e recorda-nos de que, para renascer, é necessário, antes de mais, deixar ir."
Quando comecei a ler este livro, não sabia exatamente o que esperava, apenas me apercebi de que falava da morte, que nos é dada inclusive pelo título, uma vez que o inverno simboliza a morte. Sabia, contudo, dado o tema, que seria um livro difícil de ler e pesado. Mas não, foi uma leitura que me surpreendeu, pela tranquilidade com que a morte é encarada, como se fosse um fechar de pálpebras do inverno. A capa é encantadora, pelo que recorri a ela em muitas passagens. Por vezes, tenho necessidade de ir revendo a capa para pensar na própria história narrada.
A história nasce do gesto íntimo de uma jovem que vela o avô. O cenário é minimalista e, nele, imperam o frio, o silêncio, a casa, o corpo ausente (e é precisamente neste vazio que se faz o eco da memória). A narradora mergulha nas suas lembranças e nas das gerações que a antecederam, num movimento que transforma o luto em genealogia afetiva. As presenças que a rodeiam são feitas de ausências; as vozes, de silêncios. Farré constrói assim uma narrativa que é menos sobre acontecimentos e mais sobre perceções, sobre o modo como o tempo e a morte moldam a nossa identidade e o nosso olhar sobre o mundo.
A linguagem é de uma beleza subtil e profundamente poética. Cada frase parece escrita com a cadência de um poema em prosa, onde o ritmo e a imagem ganham mais peso do que a própria ação. Essa escolha estilística confere à leitura uma leveza inesperada, como se o lirismo fosse uma forma de salvação perante a finitude.
A história nasce do gesto íntimo de uma jovem que vela o avô. O cenário é minimalista e, nele, imperam o frio, o silêncio, a casa, o corpo ausente (e é precisamente neste vazio que se faz o eco da memória). A narradora mergulha nas suas lembranças e nas das gerações que a antecederam, num movimento que transforma o luto em genealogia afetiva. As presenças que a rodeiam são feitas de ausências; as vozes, de silêncios. Farré constrói assim uma narrativa que é menos sobre acontecimentos e mais sobre perceções, sobre o modo como o tempo e a morte moldam a nossa identidade e o nosso olhar sobre o mundo.
A linguagem é de uma beleza subtil e profundamente poética. Cada frase parece escrita com a cadência de um poema em prosa, onde o ritmo e a imagem ganham mais peso do que a própria ação. Essa escolha estilística confere à leitura uma leveza inesperada, como se o lirismo fosse uma forma de salvação perante a finitude.
Aconselho!


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