Onde está a minha infância?




(imagem do Google)

Quando era pequena,
um pouco Maria-rapaz
acreditava que tudo podia,
que de tudo era capaz.

Achava que o meu triciclo
era um grande camião,
sentia-me superior,
capaz de viajar sem direcção.

E os caminhos trilhados
cheios de pedra e de pó
eram os mais amados,
onde nunca me sentia só.

Levava o coração cheio,
de grandes sonhos e ilusões,
o meu triciclo era o meio
de seguir as emoções.

Que bela imagem esta,
que recordo de mim,
em que tudo era uma festa
e os sonhos não tinham fim.

Porque cresci, meu Deus?
Já não caibo na infância.
O triciclo onde está?
A enferrujar na distância.

Em África deixei a Maria-rapaz,
à força tive de crescer.
Fiquei a saber que a infância jaz
numa moldura a apodrecer.
                                         Célia Gil

6 Comentarios

  1. Lindo o seu poema. adorei. Beijos com carinho


    Onde está a nossa infância
    Que não lembramos somente
    Deve estar lá na distância
    Entre o passado e o presente.

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  2. Não sei se já te disse, mas escreves muito bem, Célia.
    Quando se tem uma infância feliz, as adversidades da vida adulta, são mais fáceis de superar. Um beijo

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  3. Obrigada rosa-branca. A sua quadra é linda!

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  4. Obrigada Lena, sinto-me honrada por pensares assim. Concordo contigo que as adversidades da vida podem ser atenuadas com as boas memórias.
    Bjs

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  5. Li de alguém que não recordo que "O mais profundo segredo de qualquer homem encontra-se na sua infância".
    Li ainda de outro alguém que "O verdadeiro homem é aquele que nunca perde o seu coração de criança"

    E muito embora esteja provado que ter uma infância feliz é o ponto fulcral para se ter uma personalidade saudável e equilibrada, é altura de deixar psicologias de lado e registar a beleza desoladora desta frase:

    "Fiquei a saber que a infância jaz numa moldura a apodrecer"

    Simplesmente Linda!

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