Kidd, Sue Monk (2005). A Vida Secreta das Abelhas.
Porto: Asa Editores, S.A.
288 páginas
Leitura iniciada em: 05/05/2020
Leitura terminada em: 09/05/2020
A Vida Secreta das
Abelhas é um romance escrito pela americana Sue Monk Kidd e
traduzido por Teresa Curvelo.
É um livro que nos faz
pensar, nos comove, que se pode considerar um louvor à vida, à amizade, à
família (ainda que esta possa não ser a de sangue) e a Deus (este visto numa
faceta feminina). Muito bem escrito, com força e vitalidade que nos prendem à
narrativa desde o início.
Neste livro, a protagonista
é Lily, que, com 14 anos, vive com o pai, a quem chama T. Ray, uma pessoa
violenta e autoritária que, à mínima desobediência dela, a castiga, fazendo-a
estar ajoelhada, pelo menos durante duas horas, sobre milho, até não poder
suportar a dor e ficar com marcas terríveis. Lily tem consciência de que ele a
odeia e sente sempre o peso da culpa a impedi-la de ser feliz. Um episódio tê-la-á
marcado para sempre: tinha 2 anos quando viu a mãe sair do roupeiro, onde
estava a tirar roupa para colocar numa mala, com uma arma na mão a ameaçar o
pai. Este fez com que ela largasse a arma e foi Lily que lhe pegou e, sem
querer, disparou e matou a mãe. Esse incidente deveria estar na origem daquele
ódio que o pai nutria por ela. Lily tem apenas uma amiga, a Rosaleen, uma
criada negra, de semblante duro, mas coração de manteiga. Tudo se passa na
década de 60. E quando Rosaleen vai tentar exercer o seu recém-ganho direito de
voto, é presa e espancada. Lily, que vive atemorizada pelo pai, resolve fugir
para Tiburon, C.S., local que a mãe registara no verso de uma fotografia da
Virgem Negra. Acaba por ir dar a uma casa cor-de-rosa, onde vivem três irmãs
negras que a acolhem e que lhe ensinam a cuidar de abelhas. São devotas da Mãe
Negra e organizam festas em sua honra. É no seio desta família que Lily vai
tentar recuperar o seu equilíbrio interior, encontrar o amor que não teve até
àquela data, até se sentir realmente em família e amada.
Mas Lily sabe que é
inevitável, mais cedo ou mais tarde, contar tudo a August, a dona da casa. Tem
a esperança de August ter conhecido a sua mãe e precisava de saber se a mãe a
tinha amado ou se devia acreditar no que não queria e que o pai lhe dissera: a
sua mãe tinha-os abandonado. Estas e muitas outras questões, os rituais
religiosos em torno da Mãe Negra, a história da chegada ali desta Mãe Negra, a
morte de duas das irmãs de August, a relação entre a vida das abelhas e a de
Lily, são acontecimentos que poderá acompanhar e compreender ao ler este livro
maravilhoso.
Célia Gil
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