O Céu Numa Gaiola, Christine Leunens


Leunens, Christine (2020). O Céu Numa Gaiola.  Barcarena: Editorial Presença.
Nº de páginas: 272
Leitura iniciada no dia 10/05
Leitura Terminada no dia 14/05

O Céu numa Gaiola é um livro de Christine Leunens, traduzido por Manuela Madureira. É um livro que se lê muito bem, mas que nos faz sentir uma crescente raiva pelo desprezível protagonista, um jovem austríaco fanático da Juventude Hitleriana.
O livro começa por abordar a temática da lavagem cerebral que a escola fazia às crianças e jovens, antes da II Guerra. Cedo estes jovens proclamavam a ideologia nazi de forma absolutamente fanática, ignorando os valores humanos que deviam ser os pilares da sua formação enquanto cidadãos.
O narrador é um destes jovens, Johannes, que, ferido num ataque aéreo, se vê obrigado a confinar-se em casa dos pais, em Viena. Aqui, acaba por descobrir que os pais escondem ilegalmente, no sótão, atrás de uma falsa parede, uma mulher judia. Na forma como fora educado para os ideais nazis, Johannes sente imediatamente uma repulsa por esta mulher. Acaba por se lembrar que ela era Elsa, a professora de violino da irmã, que frequentava a casa. Sentiu-se traído pelos pais, pelo facto de esconderem uma judia. Mas, com o passar do tempo, vai começando a sentir-se obcecado por ela.
Os pais desaparecem sem ele saber para onde e ele fica com a avó e encarrega-se de cuidar de Elsa.
Esperava eu, aqui, que Johannes mudasse, porque o amor é capaz das mais incríveis mudanças no ser humano. Mas não foi o que aconteceu. Este protagonista narrador é um rapaz frio e cruel, egoísta e maquiavélico.
Quando a guerra termina cá fora, continua uma guerra lá dentro, pois Johannes apossa-se de Elsa, tornando-se dominador, absurdamente ciumento, como se ela fosse um objeto que lhe pertencesse e que ele estimava de forma obsessiva, impedindo-a inclusive de exercer o direito à sua liberdade. Vários foram os momentos em que ele poderia ter-se redimido. Mas, sempre que ela lhe pedia para fugir, ele impedia-a, mantendo-a enclausurada.
                                                                                                                    Célia Gil

0 Comentarios