O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua, Manuel Alegre

Alegre, Manuel (2010). O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua. Alfragide: Publicações Dom Quixote.


Nº de páginas: 112

Início da leitura: 29-08-2020

Fim da leitura: 29-08-2020

O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua é uma novela, escrita por Manuel Alegre em 2009, que adorei ler.

Estou ainda a pensar “Como hei de falar deste livro?” Um livro tão pequeno e, ao mesmo tempo, com tantas histórias e vida lá dentro!

É um livro pequeno porque, segundo o próprio autor, estas coisas da escrita são como o jogo de escondidas que joga com os netos, em que muito se quer dar a mostrar e outro tanto se esconde e, apesar de escondido, anseia-se por se ser descoberto.

Numa espécie de “ziguezague” narrativo, entre os vários momentos da sua vida, o narrador/autor vai revelando e entrelaçando acontecimentos. Conta-nos do menino que pregava pregos numa tábua, mas que, afinal, é ele próprio, que engoliu os comprimidos do avô, que caçava narcejas, que se sentia nu quando o obrigavam a vestir manga curta, que contava sílabas pelos dedos, que tamborilava com os dedos todos os ritmos da vida, que decidiu continuar Os Lusíadas, que veio com a equipa de natação da Académica à inauguração da Piscina Municipal do Fundão… A par disto, vai-nos contando sobre os poetas que lê; os que conheceu, como Sophia de Mello Breyner Andresen e Miguel Torga. Narra a sua passagem pela guerra colonial, quando foi preso pela PIDE; o momento em que, devido a uma artéria bloqueada, esteve entre a vida e a morte e o único pedido que fez foi acabar o romance que andava a escrever, “o livro da vida”, “o pulsar do mundo a bater no coração de um homem, é isso a escrita”.

Estes são fragmentos da história de vida de um escritor que confessa que pouco ou nada sabe de literatura, mas “sabe da respiração da terra, que essa, sim, tem a ver com o ritmo e a respiração da escrita”.

Muitos outros excertos mereceriam destaque, mas prefiro deixar a sugestão de leitura. Deixem-se cativar, como eu me cativei, por este miúdo que pregava pregos numa tábua e surpreendam-se com esta novela, onde se respira poesia, ritmo e vida.

Dou a este livro ***** estrelas.

 

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