Figueiredo, Isabela (2016). A Gorda. Lisboa: Editorial Caminho.
Nº de páginas:
288
Início da
leitura: 01/01/2022
Fim da leitura:
01/01/2022
**SINOPSE**
Maria
Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna,
voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta
característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa.
Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos
colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos
finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à
procura de uma vida que valha a pena viver.
Este é um dos melhores livros que se escreveu em Portugal nos últimos anos.
**OPINIÃO**
Gostei
imenso deste livro! Retrata a realidade de muitas famílias
portuguesas, vindas de Moçambique, as suas preocupações e formas de vida, bem como a questão da obesidade, e, ainda
que seja ficcional, é muito fácil entendê-la como real, pois as personagens são muito credíveis, pessoas com que já nos cruzámos em algum momento da nossa vida.
Maria
Luísa é a protagonista, uma jovem com excesso de peso, humilhada por isso na
escola, que sente uma necessidade enorme de passar despercebida mas, ao mesmo
tempo, de agradar. Vem de Moçambique antes dos pais, ficando, primeiro num
colégio interno e, depois, em casa de uma tia.
Boa
aluna, acaba por se tornar uma professora competente a quem são delegadas
várias responsabilidades. No que concerne à sua vida pessoal, toda a frustração
que Ana Luísa vai tentando ignorar, acaba por a marcar em muitas das suas
inconstâncias e inseguranças. Apesar de amar os pais, refere muitas vezes o
desejo de se livrar da influência deles.
A
casa dos pais, que vêm a habitar quando regressam de África, é a personificação das
suas vidas. Em cada capítulo, a ação parte de um dos espaços da casa: a sala, o
quarto, a cozinha.
Maria
Luísa tem consciência do seu peso e tem consciência de que é muito mais do que
o peso: no fundo, ela considera-se bonita e desejada. Vê-o nos olhos de David,
o homem que ama. Mas os estigmas às vezes são mais fortes do que a vontade
própria e David começa a não querer ser visto com ela em público, a sentir vergonha
de ser namorado dela...
Há
uma certa desordem na narrativa, que nos traz algumas repetições, mas que
considero compreensíveis e acho que conferem mais força à narrativa. Também Ana
Luísa tem essas inconstâncias e, como se retrata a vida dela, não poderia ser
de uma forma muito linear, até porque nada na sua vida é linear.
Gostei
muito deste livro e recomendo a sua leitura!
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