Diário de uma Avó e de um Neto Confinados em Casa, Alice Vieira e Nélson Mateus

Vieira, Alice; Mateus, Nélson (2021). Diário de uma Avó e de um Neto Confinados em Casa. Alfragide: Casa das Letras.

Nº de páginas: 160

Início da leitura: 18/01/2022

Fim da leitura: 19/01/2022

**SINOPSE**

2020 foi um ano estranho para todos. Nunca passámos tanto tempo em casa, nunca passámos tanto tempo sem ver aqueles que são importantes para nós. E quando a necessidade apertou, foram precisas novas, e velhas, formas de comunicação: regressou a conversa à janela, foi-se embora o abraço, chegaram os Zooms.

Mas, onde ficam outras gerações nestes tempos incertos?

Como faz uma avó que nunca aprendeu a mandar SMS ou um avô cujo telemóvel não tem câmara?

Mais do que nunca, as gerações mais velhas têm-se visto isoladas, mas tal não devia ser, especialmente considerando a tecnologia que temos hoje a nosso dispor. E é aí que entram Alice Vieira e Nélson Mateus, Avó e Neto adotados, uma ponte entre gerações que ensina como a alma está algures entre a vivacidade dos jovens e as memórias dos mais velhos, e que podemos criar algo de mágico ao juntar os dois.

**OPINIÃO**

Este diário em forma de carta onde conversam, mesmo à distância, é uma verdadeira delícia. Muito simples, muito terra-a-terra, sem os malfadados adjetivos que Alice abomina. Muito ao seu jeito simples de escrever.

É desta forma singela, mas tão bonita ao mesmo tempo, que Alice Vieira e Nélson Mateus (um dos muitos netos emprestados da avó Alice), combatem a solidão originada pelo confinamento. Falam de tudo e de nada, aproveitando para proporcionar ao leitor “Retratos Contados das Memórias de Portugal”, uma “Biblioteca de Avós”, numa viagem através do tempo, que recupera “estórias de Portugal”, ao mesmo tempo que retrata episódios do seu dia-a-dia durante o confinamento ou relembra momentos passados das suas vidas. E, como diz Alice Vieira, ela recorda muitas estórias, porque já viveu muito, é jornalista desde 1961, e fala-nos deste paradoxo que é a velhice: “Ninguém quer ser velho e todos queremos chegar a velhos”. Nota-se nestas estórias um profundo carinho, uma mútua admiração, mas também uma grande afinidade e gostos comuns. Gostei de regressar à minha própria infância através de algumas das memórias partilhadas, entre as quais os programas que passavam na RTP, cantores antigos, programas de rádio, entre tantos outros acontecimentos que estavam adormecidos na minha memória e que gostei de trazer de novo ao palco da minha própria memória!

 

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