A Mulher do Oficial Nazi, Edith Hahn Beer

Beer, Edith Hahn (2018). A Mulher do Oficial Nazi. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Paulo Mendes

Nº de páginas: 256

Início da leitura: 07/10/2022

Fim da leitura: 09/10/2022

SINOPSE

Aqueles que não testemunharam do Holocausto, às vezes, têm dificuldade em perceber o quão profundamente isso afetou a vida na Europa durante os decénios de 30 e 40 do século XX. À medida que a Alemanha nazi estendia os tentáculos a todo o continente, populações inteiras foram despojadas, deslocadas e destruídas.

Edith Hahn Beer levava uma vida normal em Viena, no seio de uma família judia. Fora uma adolescente popular e tornara-se uma estudante de Direito extremamente bem-sucedida. Estava envolvida nos grandes debates políticos da época. Estava apaixonada. O seu futuro desenrolava-se à sua frente como uma passadeira vermelha. E, de repente, tudo terminou. Quando Hitler invadiu a Áustria em 1938, Edith ficou sem futuro.
No coração da Alemanha nazi, escondendo a sua identidade em casa e no trabalho, Edith viveu com o medo constante de ser descoberta. Foi ali que conheceu Werner - destacado membro do Partido Nazi -, que se apaixonou por ela e a pediu em casamento, mantendo a sua identidade em segredo. A filha de ambos viria a ser considerada a única judia a nascer num hospital do Reich em 1944.

Alguns anos depois, a Alemanha foi derrotada e Edith continuava viva. Sobreviveu quando milhões de judeus foram exterminados. Este livro conta a história de como esta mulher conseguiu manter o seu disfarce e de como, graças a uma sorte aleatória e à intervenção de algumas pessoas boas, foi diversas vezes resgatada da morte.

A Mulher do Oficial Nazi podia ser outro livro sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, o que já seria notável. Mas é, além disso, um relato verdadeiro, dramático e emocionante de uma mulher extraordinária que sobreviveu ao maior genocídio da história da Humanidade, sem pretender ser corajosa, famosa ou lembrada. Ela apenas quis sobreviver.

Convém sublinhar desde o início que este é um livro de não ficção. O título poderia, à partida, induzir em erro, levando-nos a ponderar sobre a escolha deste livro. Porém, a forma como Edith nos conta a sua história, leva-me a considerar que foi uma excelente escolha. A narração é incisiva, dura, mas elegante e comovente. Ao mesmo tempo, a formação de Edith em advocacia, permite-lhe entender o que se passou de uma forma bastante lúcida, conseguindo enquadrar os acontecimentos, explicar o sistema político, o antes e o pós-guerra, o que cada um sofreu, especialmente os judeus (não esquecendo, contudo, o que passaram os arianos no fim e até mesmo os que foram obrigados a alistar-se ao nazismo).

Edith nunca se converteu, fingiu, assumiu ser o que não era, lutou para que o instinto nunca a denunciasse, sobreviveu apesar do medo e, para sobreviver, passou por muitos momentos de sofrimento, muita fome, mentiras necessárias e muito silêncio. Foi uma mulher forte, de coragem, humana e bondosa.

Edith morreu em março de 2009, mas a sua história continua viva no Museu do Holocausto dos Estados Unidos (http://www.ushmm.org/).

Recomendo a leitura!

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