O Labirinto dos Espíritos, Carlos Ruiz Zafón

Ruiz Zafón, Carlos (2016). O Labirinto dos Espíritos. Lisboa: Editorial Planeta.

Tradução: Mário Dias Correia

Nº de páginas: 848

Início da leitura: 19/10/2022

Fim da leitura: 22/10/2022

**SINOPSE**

Na Barcelona de fins dos anos de 1950, Daniel Sempere já não é aquele menino que descobriu um livro que havia de lhe mudar a vida entre os corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos. O mistério da morte da mãe, Isabella, abriu-lhe um abismo na alma, do qual a mulher Bea e o fiel amigo Fermín tentam salvá-lo.

Quando Daniel acredita que está a um passo de resolver o enigma, uma conjura muito mais profunda e obscura do que jamais poderia imaginar planta a sua rede das entranhas do Regime. É quando aparece Alicia Gris, uma alma nascida das sombras da guerra, para os conduzir ao coração das trevas e revelar a história secreta da família… embora a um preço terrível.

O Labirinto dos Espíritos é uma história eletrizante de paixões, intrigas e aventuras. Através das suas páginas chegaremos ao grande final da saga iniciada com A Sombra do Vento, que alcança aqui toda a sua intensidade, desenhando uma grande homenagem ao mundo dos livros, à arte de narrar histórias e ao vínculo mágico entre a literatura e a vida.

Os livros de Zafón são de perder o fôlego, intensos, mágicos, muito bem urdidos, acompanhados de um sentido de humor muito refinado e extremamente bem escritos.

Ler este livro não foi fácil, não pela história em si (que põe um ponto final à tetralogia intitulada “O Cemitério dos Livros Esquecidos”), mas pela noção de que finalizei o último livro que me faltava ler do escritor e que não haverá mais. Resta-me, quando sentir saudades desta magnificente escrita, reler, reler e reler toda a sua obra.

Para além da narrativa imparável, da criatividade do autor mais uma vez demonstrada, de uma necessidade de ler sempre “só mais umas páginas”, este livro vem encerrar de forma magistral a tetralogia já mencionada, de forma muito engenhosa. As personagens são de uma riqueza ímpar. Gosto de todas, muito bem construídas, muito completas, muito cheias de vida, mas destaco o Fermín, pelo sentido de humor, pela forma como encarava a vida. Mas são todas verdadeiramente deliciosas.

Destaco algumas passagens que fui registando, de entre muitas outras que permanecerão, com certeza, na minha memória.

Uma delas, é sobre o próprio Cemitério dos Livros esquecidos:

“- Este lugar é um mistério, Julián, um santuário. Cada livro, cada volume que vês, tem uma alma. A alma de quem o escreveu, e as almas daqueles que o leram e viveram e sonharam com ele.”

Uma das muitas passagens, onde o sentido de humor me fez sorrir:

“…perguntou-me se fora para Paris para estudar, em busca de glória e fortuna ou para aperfeiçoar o meu francês, que mais do que aperfeiçoamento precisava de uma cirurgia de coração aberto e um transplante de cérebro.”

E, por fim, uma das mais deliciosa de todas:

“Uma história não tem princípio nem fim, só portas de entrada. Escrever é reescrever (…) Escrevemos para nós e reescrevemos para os outros.”

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