Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Poe, Edgar Allan. O Gato Preto: 11 Contos Fantásticos de Terror e Mistério, 2020. Porto: Porto Editora.


Tradução: Leandro Marques
N.º de páginas: 240
Início da leitura: 28/09/2025
Fim da leitura: 28/09/2025

**SINOPSE**
"Era uma vez o sangue e o horror... As histórias de Edgar Allan Poe confrontam a violência dos pensamentos mais sombrios do ser humano. Na verdade mais crua podem esconder-se a insanidade e o horror.

A Clássicos Hoje é uma coleção inspirada por toda a luz antiga e moderna: nela cabem as maiores obras da literatura de todos os tempos, ilustradas por grandes nomes da arte contemporânea."
Ler O Gato Preto é entrar num universo onde a mente humana se revela tão assustadora quanto qualquer monstro. Nesta coletânea de onze contos, Edgar Allan Poe demonstra por que é considerado um dos mestres do terror psicológico: a sua escrita é precisa, quase cirúrgica, e cada história mergulha em atmosferas densas, feitas de culpa, loucura e fatalidade.

O conto que dá título ao livro é um dos mais perturbadores, explorando o remorso e a degradação moral de um narrador que tenta justificar o injustificável. Mas outras joias merecem destaque, como "O Escaravelho de Ouro".

O que impressiona é a atualidade dos temas: Poe escreve sobre medo, violência, delírio e morte, de forma tão íntima que parece falar diretamente para o leitor moderno. As suas narrativas curtas e intensas exigem atenção a cada detalhe, e a sensação de inquietação persiste muito depois da última página.

Para quem aprecia literatura sombria, O Gato Preto: 11 Contos Fantásticos de Terror e Mistério é leitura obrigatória. Mais do que assustar, Poe nos convida a olhar para o lado mais obscuro da alma humana – e é justamente aí que reside seu verdadeiro terror.

Donoghue, Emma (2025). O Expresso de Paris. Porto: Porto Editora.

Tradução: Cláudia Ramos
N.º de páginas: 264
Início da leitura: 20/09/2025
Fim da leitura: 27/09/2025

**SINOPSE**
«“Um enredo cheio de tensão e uma perspetiva da sociedade francesa do fim do século.”
THE NEW YORK TIMES - Alida Becker

Inspirado num desastre ferroviário de 1895, que ficou famoso pelas imagens extraordinárias da estação de Montparnasse, O Expresso de Paris é um romance intenso com um grupo de personagens fascinantes.
O expresso Paris-Granville é o cenário onde se encontram pessoas vindas de lugares tão próximos como a Bretanha e Irlanda ou tão distantes como a Rússia, a Argélia, a Pensilvânia ou o Camboja.
Nas várias carruagens seguem artistas e estudantes, deputados a caminho da abertura do Parlamento, lésbicas e gays, uma mulher grávida, um vendedor ambulante de café e também uma jovem anarquista francesa, Mado Pelletir, que tem um plano assustador.
Mas quando começa a interagir com os outros passageiros, descobre que eles são mais do que apenas um conjunto de rostos desconhecidos.
Evocativo e rico em simbolismo O Expresso de Paris capta sem esforço a política, o glamour e o caos que marcaram o fim do século XIX.»
Sou leitora fiel de Emma Donoghue e, por isso, confesso que O Expresso de Paris me deixou com um sabor agridoce. A autora, que tantas vezes me surpreendeu pela originalidade das histórias e pela subtileza com que constrói personagens memoráveis, parte aqui de uma premissa muito promissora – ainda por cima baseada em factos reais – mas o resultado não correspondeu às expetativas.

A história, passada a bordo de um comboio que liga Paris a Viena, poderia ser um palco perfeito para tensões, encontros e desencontros, mas acaba por se perder em detalhes que pouco acrescentam. Desfilam diante de nós uma multiplicidade de passageiros, cada um com o seu pequeno fragmento de história, mas nenhum suficientemente desenvolvido para nos prender. Ficamos como observadores distantes, a ver as figuras passar, sem nunca criar verdadeira empatia ou curiosidade.

Não é que a escrita de Donoghue tenha perdido qualidade – continua elegante e cuidada –, mas aqui falta a centelha que tantas vezes a distingue. É um livro que se lê, sim, mas que dificilmente deixa marca. Para quem, como eu, acompanha a autora e sabe do que ela é capaz, a sensação final é a de uma viagem promissora que chega ao destino demasiado cedo, sem ter cumprido todo o seu potencial.

Ibañez, Isabel (2024). O Que Guarda o Rio. Alfragide: Edições Gaialivro. 

Tradução: Elga Fontes

Nº de páginas: 528

Início da leitura: 23/09/2025

Fim da leitura: 27/09/2025

**SINOPSE**

"Inez Olivera, boliviana-argentina, pertence à luxuosa alta sociedade de Buenos Aires do século XIX, que se encontra imersa em magia antiga já esquecida. Inez tem tudo o que qualquer jovem quer, exceto o seu mais profundo desejo: estar com os seus pais, que passam o tempo a viajar pelo mundo e tendem a deixá-la para trás.

Quando recebe a trágica notícia das suas mortes, ela herda a enorme fortuna da família e um tio tutor legal. Em busca de respostas, viaja para o Cairo, levando consigo um anel de ouro que o seu pai lhe enviou antes de morrer para ser guardado. Mas, na sua chegada, a magia antiga ligada ao anel leva-a por um caminho sombrio e perigoso.

Com o desagradável e encantador assistente do seu tutor de guarda a frustrá-la a cada passo, Inez tem de confiar na magia antiga para poder descobrir a verdade sobre o desaparecimento dos seus pais - ou arriscar a tornar-se um peão num jogo muito maior que a pode matar."

Esta obra, de Isabel Ibañez, mistura elementos de fantasia com uma escrita encantadora e poética. A história transporta o leitor para um mundo onde o real e o mágico coexistem, criando uma atmosfera imersiva e profunda. O enredo é marcado por mistérios, segredos e personagens complexas, e ao longo da narrativa, a autora leva-nos a explorar a conexão entre o humano e o sobrenatural.

A escrita de Ibañez é rica em detalhes, com descrições vívidas que tornam o ambiente da história envolvente, ao mesmo tempo que mantém uma fluidez que faz com que a leitura seja prazerosa e dinâmica. Utiliza o ritmo da narrativa de forma eficaz, intercalando momentos de tensão com outros de reflexão e emoção. A autora também tem uma habilidade notável para criar diálogos naturais e expressivos que ajudam a aprofundar as relações entre as personagens.

A magia no livro é central para o enredo, mas não se apresenta de forma simplista ou excessivamente explicativa. Pelo contrário, a magia é tratada com um certo mistério, o que dá à história uma sensação de descoberta contínua. A autora faz uso de uma magia que não é apenas encantamento, mas também uma força ligada à natureza, ao espírito e aos sentimentos humanos, conferindo uma profundidade emocional à história.O enredo, com suas camadas de emoção, mistério e magia, não só cativa os fãs do género de fantasia, mas também provoca reflexões sobre temas como identidade, escolhas e o impacto das nossas ações. 
Recomendo!

 Wilson, Misty. Outono em Bramble Falls. Lisboa: Secret Society.

Tradução: Catarina Alves
N.º de páginas: 384
Início da leitura: 22/09/2025
Fim da leitura: 23/09/2025

**SINOPSE**
"Quando os pais decidem separar-se, Ellis tem de se mudar com a mãe de Nova Iorque para Bramble Falls.

A pequena cidade está cheia de distrações. Como Cooper, o ex-melhor amigo de Ellis - e o seu primeiro beijo -, que não só está ainda mais lindo, como também não quer ter nada que ver com ela.

Quanto mais tempo fica em Bramble Falls, mais difícil é fingir que não se está a apaixonar pela cidade. Com o regresso a Nova Iorque cada vez mais distante, Ellis é forçada a confrontar o que quer para o seu futuro - e o que isso significa para o seu presente."
Vou dar a minha opinião de uma forma diferente. Desta vez, aplico um teste de polígrafo a Outono em Bramble Falls, romance acusado de ser ligeiro, repleto de clichés e de frases feitas. O livro nega todas as acusações. Mas o polígrafo… esse não mente.

  • O romance tem personagens que viveram um amor adolescente? O livro diz que não, mas o polígrafo confirma: sim.
  • As personagens não pensam senão uma na outra a toda a hora? O livro nega, porém o polígrafo acusa: mentira. Eles não conseguem parar de pensar um no outro.
  • No início, os protagonistas não se suportam, só para mais tarde caírem nos braços um do outro? O livro diz que não, o polígrafo responde: verdade absoluta.
  • Há momentos em que uma personagem tropeça ou se desequilibra, caindo oportunamente nos braços da outra? O livro diz que não, o polígrafo aponta: mentira.
  • O texto evita expressões feitas como “borboletas na barriga”? O livro garante que sim, mas o polígrafo ri: falso, essa e outras frases feitas surgem várias vezes.
  • O romance é leve, tanto no conteúdo quanto na forma? O livro insiste que não, o polígrafo sentencia: é a mais pura das verdades.

 Ogawa, Yoko (2021). A Polícia da Memória. Lisboa: Relógio D'Água.


Tradução:Inês Dias
N.º de páginas: 248
Início da leitura:18/09/2025
Fim da leitura: 21/09/2025

**SINOPSE**
"Numa ilha sem nome, situada numa costa anónima, há objetos que começam a desaparecer. Primeiro chapéus, depois fitas, pássaros e rosas — até que a situação se agrava. A maioria dos habitantes permanece desatenta a estas mudanças, e os poucos com poder para recuperar os objetos perdidos vivem receosos da Polícia da Memória, entidade que assegura que o que desaparece permanece esquecido.

Quando uma jovem mulher, que luta por manter uma carreira de romancista, descobre que o seu editor está em perigo, elabora um plano para o ocultar debaixo da sua casa. À medida que medo e sentimento de perda se aproximam, rodeando-os, agarram-se à escrita como modo de preservar o passado."
Se soubesse que este livro era tão bom, tê-lo-ia lido muito antes. A Polícia da Memória, de Yoko Ogawa, é daquelas obras que nos agarra desde a primeira página, não apenas pela originalidade do enredo, mas pela delicadeza com que constrói um universo em desaparecimento.
Estamos perante uma distopia silenciosa, onde as coisas – objetos, lembranças, pedaços de identidade – vão sendo apagadas da vida das pessoas. Mais inquietante do que a perda física é a perda do significado, da ligação emocional, da própria capacidade de recordar. A autora consegue criar um ambiente denso, mas subtil, que nos envolve e nos faz sentir o peso de cada esquecimento.
As personagens são extraordinárias. A protagonista, com a sua força discreta, R, com a coragem de resistir, e o velhote, com a sabedoria terna de quem guarda o que resta, tornam-se âncoras num mundo em dissolução. É impossível não criar laços com eles. São os seus afetos, a sua tentativa desesperada de preservar as memórias, que nos mantêm atentos e nos lembram que a verdadeira luta é a de manter viva a essência do que somos.
Esta história é uma metáfora poderosa do nosso tempo. Mesmo que o nosso mundo não vá desaparecendo objeto a objeto, também nós assistimos a um lento desgaste: dos valores, da confiança, dos afetos. Ogawa lembra-nos que a perda nem sempre é ruidosa; às vezes é uma erosão quase impercetível, que só damos por certa quando já é tarde demais.
À medida que avançamos na leitura, o coração aperta-se numa angústia quase física. Sentimo-nos dentro da ilha, ao lado das personagens, testemunhas de um fim inevitável – não apenas de coisas, mas de tudo o que dá sentido à existência.
A Polícia da Memória é, sem dúvida, uma leitura imprescindível. Um livro que nos faz pensar, sentir e temer. Recomendo vivamente: é daquelas obras que permanecem connosco, mesmo quando fechamos a última página.

Monginho, Julieta (2024). Corpo Vegetal. Porto: Porto Editora.

N.º de páginas: 176
Início da leitura: 15/09/2025
Fim da leitura: 17/09/2025

**SINOPSE**

"«Ser ou não ser» é a questão com que Mimi se debate depois de conhecer Samson X, o célebre escritor americano cujo livro está a traduzir.

O corpo invadido, a vida estilhaçada, nada será como antes para esta mulher, que terá de decidir: ou age e faz ouvir a dor que toma conta dos seus dias, ou vive em silêncio o trauma e a raiva que a consomem, sem que o grito se escute, sem que a justiça se faça.

No novo romance de Julieta Monginho, a dicotomia consentimento versus abuso sexual ganha protagonismo, partilhando-o com as repercussões jurídicas e as consequências devastadoras que uma agressão desta natureza tem na vida de quem a sofre. Mas, com a mestria a que já nos habituou, a autora não deixa no tinteiro uma última nota de esperança, e Corpo Vegetal mostra como, mesmo no meio da dor e do trauma, é possível encontrar um novo fôlego, um novo caminho."

Corpo Vegetal, de Julieta Monginho, não é um livro que se ofereça ao leitor de forma imediata ou complacente. A sua leitura exige entrega, quase um abandono deliberado das defesas que normalmente erguemos perante narrativas de dor e de injustiça. A linguagem poética, cadenciada e densa, por vezes cria um certo distanciamento inicial, mas é justamente nesse ritmo peculiar que reside o poder da obra: o de nos enredar, lentamente, até já não conseguirmos escapar ao que nos é contado. O enredo cru, despido de ornamentos fáceis, coloca-nos diante de uma realidade difícil de encarar, mas tristemente reconhecível — a vulnerabilidade das mulheres, tantas vezes silenciadas, tantas vezes reduzidas a um corpo que se tenta apagar ou domesticar.

A protagonista, mergulhada nas dúvidas que cercam a denúncia de um abuso sexual, é confrontada não apenas com o agressor, mas também com a corrosiva desconfiança social que ameaça devorá-la. O romance expõe, assim, com firmeza e delicadeza, a violência mais subtil e mais devastadora: a de não se acreditar na palavra da vítima. Julieta Monginho dá corpo literário a esse dilema, transformando-o numa experiência sensorial e emocional que não se esquece. Gostei muito e recomendo.

Nelson, Suzanne (2025). As Bibliotecárias de Lisboa. Lisboa: Topseller.

Tradução: José Remelhe
N.º de páginas: 368
Início da leitura: 13/09/2025
Fim da leitura: 15/09/2025

**SINOPSE**
"Lisboa, 1943. A 2.ª Guerra Mundial assola a Europa.
Cidade glamorosa à beira do caos, Lisboa aloja espiões de duas fações. Entre eles, encontram-se Selene Delmont e Beatrice Sullivan, bibliotecárias de Boston. Oficialmente recrutadas para recolher livros proibidos, ambas são, na verdade, agentes secretas cuja missão consiste em infiltrarem-se na rede de espionagem do Eixo.
Em breve, contudo, dão por si envolvidas em jogos de enganos com dois dos homens mais conhecidos da cidade: um barão português exilado, Luca Caldeira, e um espião letal de nome de código Gable. Enquanto Selene seduz Luca nos seus luxuosos salões de baile, Bea, mais dada aos livros, mergulha no mundo sombrio dos informadores de Gable. Quando, porém, uma traição desvenda uma teia de mentiras cuidadosamente tecida, tudo aquilo por que ambas lutaram é posto em causa. Será este o seu ponto de rutura?
Inspirada por acontecimentos reais, Suzanne Nelson cria um enredo cativante com duas mulheres singulares, cuja coragem, determinação e amizade foram capazes de resistir à devastação da guerra."
Ao iniciar a leitura de As Bibliotecárias de Lisboa, de Suzanne Nelson, a expectativa de encontrar uma narrativa centrada na vida das bibliotecárias, com descrições ricas sobre livros e bibliotecas, cedo se revelou defraudada, uma vez que a obra se orienta sobretudo para uma intriga de espionagem em plena Lisboa de 1943. 
Essa deslocação do foco inicial pode gerar alguma deceção para o leitor que procure uma exaltação do universo literário ou das instituições culturais. Contudo, a autora compensa essa ausência com uma trama envolvente, marcada pelo mistério, pelo romance e pelo pano de fundo histórico da Segunda Guerra Mundial. A cidade de Lisboa, nesse período, surge como espaço privilegiado de encontros clandestinos e de jogos diplomáticos, e é justamente esse cenário que ganha protagonismo ao longo da narrativa. O reconhecimento dos lugares, o retrato da atmosfera de uma Lisboa dividida entre neutralidade e intriga internacional, bem como a forma como as personagens se movem nesse ambiente de tensão e ambiguidade, tornam a leitura cativante e dão ao romance um carácter singular. Assim, apesar da frustração inicial, o livro conquista pelo enredo e pela reconstituição de época, oferecendo ao leitor uma experiência literária que, embora distinta da esperada, acaba por se revelar aprazível e enriquecedora.
A autora parte de personagens e situações reais (como as bibliotecárias espiãs da IDC, como Adele Kibre e Maria Josepha Meyer; Aristides de Sousa Mendes, que terá inspirado a criação da personagem Luca Caldeira, meritório pelos seus extraordinários esforços em assegurar passagem segura para milhares de passageiros durante a guerra). E, por incrível que pareça, quando referidas as minas de volfrâmio de Portugal (contrabandeado para a Alemanha nazi), lá surgem as nossas Minas da Panasqueira, através do nome da minha cidade - Fundão (Cabeço do Pião).
 Aconselho a quem gosta de romances de ficção histórica, espionagem e romance.

Hart, Emilia (2025). As Sereias. Porto: Porto Editora.

Tradução: Célia Correia Loureiro
N.º de páginas: 352
Início da leitura: 12/09/2025
Fim da leitura: 13/09/2025

**SINOPSE**
"Uma história de irmãs separadas por séculos, mas unidas pelo poder do mar.
2019: Lucy acorda no quarto do ex-namorado, a asfixiá-lo. Horrorizada, foge para casa da irmã, Jess, numa cidade costeira em Nova Gales do Sul, em busca de conforto e de uma explicação para os sonhos vívidos que precederam o ataque. No entanto, Jess está desaparecida. Enquanto aguarda o seu regresso, Lucy vai descobrindo estranhos rumores sobre a cidade: desaparecimentos de homens ao longo de várias décadas, um bebé abandonado numa gruta à beira-mar, sussurros de mulheres vindos do oceano. Os sonhos de Lucy parecem mais reais do que nunca…
1800: Mary e Eliza são condenadas ao exílio e deixam o seu lar na Irlanda, embarcando num navio de prisioneiros com destino à Austrália. À medida que o barco as afasta de tudo o que lhes é familiar, começam a reparar em mudanças bizarras nos próprios corpos.
As sereias é um romance extraordinário sobre mulheres que enfrentam o inesperado e aceitam o potencial que descobrem em si mesmas. Uma história de resiliência feminina de cortar a respiração."
As Sereias, de Emilia Hart, é um mergulho numa narrativa onde o mar é tão personagem quanto as protagonistas. Entrelaçando passado e presente, o romance fala de irmandade, dor herdada, força feminina e o poder misterioso da natureza. Não se limita a um romance com mitos, é também uma reflexão sobre violência, desejo, sobrevivência e transformação. Em termos de recomendação, sugeriria-o para leitores de fantasia literária ou realismo mágico com apetência para o histórico, mas não necessariamente para quem procura ação intensa ou resoluções claras — aí talvez o ritmo ou a ambiguidade possam pesar. É uma obra que brilha, sobretudo pelo seu ambiente, pela evocação do mar, pelas personagens femininas carregadas de dor, força e mistério, e pela maneira como o passado e o presente se entrecruzam. Não é uma leitura leve — exige envolvimento emocional, disponibilidade para aceitar ambiguidades —, mas, para quem gosta desse tipo de narrativa, recompensa bastante. É um livro de lendas e água, de segredos e murmúrios, de mulheres que recusam ser silenciadas pelo tempo ou pelo medo. Recomendo!

Woods, Evie (2025). A Misteriosa Paradia da Rue de Paris. Porto: Singular.

Tradução: Luís Filipe Silva
N.º de páginas: 288
Início da leitura: 09/09/2025
Fim da leitura: 11/09/2025

**SINOPSE**
"Aninhada no meio das ruas empedradas de Compiègne, havia uma padaria em nada igual às outras. Pela cidade corriam rumores de que os seus bolos tinham um sabor mágico capaz de expulsar até a mais sombria mágoa. Uma mera dentada num croissant poderia trazer sorte, desbloquear uma memória preciosa há muito esquecida ou revelar desejos ocultos…
Depois de uma importante perda, Edith Lane sente que a sua vida precisa de uma mudança. Ao ver um anúncio de emprego, candidata-se à vaga que a faz viajar da Irlanda para Paris, onde se encontra a encantadora padaria para a qual foi contratada. Porém, quando se trata de Edie, a receita para o desastre não precisa de muitos ingredientes: uma quantidade pouco saudável de ilusões e uma pitada de desespero são suficientes para gerar o caos. É o que acontece quando percebe que não irá trabalhar na cidade dos seus sonhos, e que a padaria fica a uma hora de comboio da capital. Ao chegar lá, são muitos os dias em que pensa ter feito a escolha errada, sem perceber os mistérios daquele estranho lugar e o encanto que exerce sobre todos os que provam as suas iguarias. Contudo, o tempo e um segredo escondido sob as tábuas do soalho revelam-lhe não apenas uma história antiga cuja pista vale a pena seguir, mas também o caminho para encontrar o lugar a que verdadeiramente pertence."
Há livros que nos chegam às mãos como um verdadeiro bálsamo para a alma leitora — e A Misteriosa Padaria na Rue de Paris, de Evie Woods, é um desses casos. Não se trata de uma narrativa destinada a mudar radicalmente a forma como pensamos o mundo ou a literatura, mas antes de uma história envolvente, plena de charme e com um manifesto sentido de humor que a torna irresistível.

O romance constrói-se a partir de uma premissa simples, mas eficaz: personagens que carregam consigo fragilidades, sonhos por cumprir e um quotidiano por vezes cinzento encontram, naquela pequena padaria parisiense, uma centelha de magia capaz de alterar o rumo das suas vidas. Woods tem o talento de equilibrar leveza e emoção sem cair em excessos, oferecendo-nos uma narrativa que, sem exigir demasiado, nos envolve desde as primeiras páginas.

A escrita é acessível, quase coloquial, mas com uma cadência que prende e diverte. A autora joga com o humor de forma natural, nunca forçada, e cria situações que nos arrancam sorrisos genuínos. É este tom descontraído que faz do livro uma leitura perfeita para intercalar com obras mais densas ou exigentes: uma espécie de pausa literária que, em vez de quebrar o ritmo, o enriquece.

Não será, certamente, um título para quem procura uma literatura carregada de simbolismos ou experimentalismos, mas é um excelente exemplo de como a chamada “ficção de conforto” pode ser bem construída, cativante e memorável. 

Siascia, Leonardo. Uma História Simples. Lisboa, 2025: Editorial Presença.

Tradução: João Pedro Vala
N.º de páginas: 80
Início e fim da leitura: 08/09/2025

**SINOPSE**
"Sicília, década de 1980. O telefone toca na esquadra: ao que parece, um velho diplomata quer falar com a polícia porque encontrou uma coisa estranha em sua casa. A partir daqui, tudo sucede numa espécie de ato contínuo, sem tempo para deduções ou explicações. Embora tempo pareça ser tudo o que a polícia tem a mais e não use convenientemente naquele lugar.

Ao que parece, afinal, houve um suicídio. Seria simples, a história, não fosse o jovem polícia deparar, na sua investigação, com uma enorme parede intransponível, composta pelas intrincadas argamassas que dão pelo nome de máfia, polícia, corrupção e, afinal, toda a Sicília.

Retrato de um sítio onde a verdade não conhece definição e a justiça teima em não chegar, o último livro de Sciascia é um magnífico exercício de economia de escrita, uma pequeníssima janela que abrimos e da qual, tremendamente espantados, vemos tudo."

Uma História Simples, de Leonardo Sciascia, é uma obra breve mas intensa, onde a ironia do título se revela logo no enredo: o que aparenta ser um suicídio simples, transforma-se num caso de corrupção, silêncio cúmplice e instituições comprometidas. 

Com uma escrita direta e precisa, Sciascia elabora uma parábola sobre a justiça e a sua fragilidade, colocando no centro um agente da autoridade solitário que resiste, quase em vão, ao conformismo do sistema. A obra, embora enraizada na atmosfera siciliana, transcende o local para espelhar uma realidade universal: a verdade só tem valor se houver quem a sustente, e, em sociedades corrompidas, ela acaba quase sempre silenciada.

Pequeno na forma, mas imenso na reflexão, este livro é um retrato amargo da condição humana e da impotência da razão perante o poder, mantendo-se de uma atualidade perturbadora.

Jackson, Shirley. Contos Sombrios. Lisboa, 2025: Cavalo de Ferro.

Tradução: Catarina Ferreira de Almeida
N.º de páginas:256
Início da leitura: 07/09/2025
Fim da leitura: 08/09/2025

**SINOPSE**
"Algo de podre se esconde nos subúrbios da América. Uma senhora idosa vigilante dos bons costumes é a autora de cartas anónimas que semeiam a suspeita entre os vizinhos, um regresso a casa depois de um dia de trabalho transforma-se numa paranoica perseguição, uma jovem comete uma série de roubos sem que ninguém dela desconfie, um cidadão exemplar revela ser um assassino em série. Seja na comunidade, no seio familiar ou na intimidade do eu, nada é o que parece, e nenhum lugar é seguro…

Volume póstumo, Contos Sombrios reúne as dezassete histórias mais perturbadoras de Shirley Jackson, incluindo A Possibilidade do Mal, a que foi atribuído o Edgar Allan Poe Award em 1966. Considerada mestre do gótico literário e do suspense psicológico, a autora norte-americana inspirou gerações de escritores na forma exímia com que retrata a crueldade do quotidiano e a ambiguidade humana, num mundo onde a loucura e o terror estão à espreita."
Contos Sombrios, de Shirley Jackson, é uma colectânea de dezassete contos. O que à partida se apresenta como banal — uma vizinhança tranquila, uma dona de casa zelosa, um gesto de cortesia — transforma-se rapidamente em terreno fértil para o desconforto e a inquietação. Jackson domina como poucos a arte de revelar o insólito no quotidiano, desmontando a falsa segurança da vida suburbana americana e expondo os impulsos mais obscuros que se escondem por detrás das convenções sociais. A sua prosa é precisa, de uma simplicidade enganadora, capaz de criar tensão através de pequenos detalhes, de um diálogo interrompido ou de uma vírgula que altera por completo o sentido de uma frase. Mais do que histórias de terror no sentido clássico, estes contos são exercícios de horror psicológico, onde a crueldade e a alienação humanas surgem disfarçadas de normalidade. Mantêm uma atualidade perturbadora: mostram que o mal raramente se manifesta de forma espectacular, mas infiltra-se silenciosamente no tecido da vida comum. É precisamente nesta ambiguidade — entre o familiar e o inquietante — que reside a grandeza de Shirley Jackson, e Contos Sombrios é um testemunho exemplar do seu génio literário.

Osman, Richard (2022). O Homem que Morreu Duas Vezes. Lisboa: Planeta.


Tradução: Carmen Saraiva
N.º de páginas: 384
Início da leitura: 04/09/2025
Fim da leitura: 06/09/2025

**SINOPSE**
"Elizabeth, Joyce, Ron e Ibrahim estão à procura de alguma paz e tranquilidade, na luxuosa comunidade para reformados onde vivem, depois de terem resolvido o seu primeiro caso. Resolver um novo assassinato não fazia parte dos seus planos de reforma. Mas parece que estão com pouca sorte. Um visitante inesperado - um velho amigo (ou quem sabe algo mais…) de Elizabeth - aparece desesperado por ajuda. Está em apuros. Foi acusado de roubar diamantes, no valor de 20 milhões de libras, ao homem errado. E a sua vida corre perigo. O primeiro corpo é encontrado. Mas não será o último. Este difícil caso envolve um mafioso impaciente, reuniões regadas a vinho, segredos antigos, pulseiras da amizade, decisões importantes como a de adotar ou não um cão… E um assassino implacável que não hesitaria, um segundo, em matar os quatro simpáticos reformados de Coopers Chase.

Será que os membros de O Clube do Crime das Quintas-Feiras vão ser capazes de encontrar o assassino (e, já agora, os diamantes), antes do assassino os encontrar a eles?

Richard Osman está de volta com o seu famoso e carismático quarteto de detetives para mais uma aventura divertida e inteligente. Impossível parar de ler. Mais de 3,5 milhões de leitores já se juntaram a O Clube do Crime das Quintas-Feiras."
Richard Osman volta a surpreender com O Homem que Morreu Duas Vezes, o segundo volume da série que acompanha o peculiar Clube do Crime das Quintas-Feiras. Se o primeiro livro já tinha conquistado pelo conceito original – um grupo de reformados que investiga crimes com mais argúcia do que a polícia – este segundo livro consolida a fórmula e aprofunda a ligação entre o leitor e as personagens.

A história mantém o ritmo ágil e o humor subtil que caracterizam Osman, mas ganha em densidade emocional, sobretudo porque conhecemos melhor as fragilidades, manias e cumplicidades do quarteto protagonista. Elizabeth, Joyce, Ron e Ibrahim já não são apenas figuras excêntricas: tornam-se companheiros de leitura, daqueles de quem temos saudades quando fechamos o livro. A forma como se apoiam mutuamente, entre piadas mordazes e gestos de ternura inesperada, é um dos pontos mais fortes da narrativa.

Quanto à intriga policial, a teia é habilmente construída, cheia de reviravoltas e de pistas falsas, sem nunca perder a leveza que distingue esta série do típico “thriller” sombrio. Osman consegue equilibrar o mistério com um olhar profundamente humano sobre a amizade, a velhice e o valor da experiência.

Gostei particularmente da forma como o autor joga com o contraste entre a aparente tranquilidade da comunidade de reformados e o submundo do crime internacional. Essa justaposição gera situações inesperadas, divertidas e, ao mesmo tempo, plausíveis dentro do universo criado.

Portabales, Arantza (2025). Beleza Vermelha. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Rui Elias
N.º de páginas: 416
Início da leitura: 01/09/2025
Fim da leitura: 02/09/2025

**SINOPSE**
"Um cadáver, seis possíveis assassinos.
Ninguém está livre de suspeitas, nem mesmo a própria vítima.
Um crime passional em Santiago de Compostela, com ecos de Joël Dicker.

Seis suspeitos jantam no jardim de uma luxuosa casa nos arredores de Santiago de Compostela enquanto o corpo de Xiana Alén, de quinze anos, jaz no chão do seu quarto coberto de sangue, como se fosse uma instalação artística: os pais, a tia Lía Somoza - uma pintora de renome internacional -, um casal de amigos e a tia idosa das irmãs Somoza.

Todos os indícios apontam para Lía, mas alguns dias depois ela tenta suicidar-se e é internada num hospital. O comissário Santi Abad, com a ajuda de Ana Barroso - uma polícia jovem, forte e temperamental, com quem desenvolverá uma relação intensa e conflituosa -, terá de desvendar os segredos mais bem guardados da família Alén Somoza, uma das famílias mais poderosas e ricas da alta sociedade galega.

Beleza Vermelha é uma intriga excecional, em que nada é o que parece e ninguém é quem diz ser, que confirma Arantza Portabales como a nova senhora do romance policial espanhol."
Quando peguei em Beleza Vermelha, confesso que esperava um policial daqueles que não se conseguem largar, cheios de ritmo e tensão. A premissa parecia promissora: um crime brutal numa escola religiosa, uma vítima jovem, segredos escondidos e uma dupla de inspetores para nos guiar pela investigação. Tudo isto parecia reunir os ingredientes certos para me prender da primeira à última página.

No entanto, à medida que avançava, senti que a narrativa se arrastava. Há um excesso de repetições — tanto nos diálogos como nas descrições — que tornam a leitura mais lenta do que deveria ser. Dei por mim a querer saltar páginas, à espera de um avanço significativo na investigação, mas o enredo parecia sempre a circular no mesmo ponto. Para quem procura a adrenalina típica de um thriller, esta opção narrativa pode ser frustrante.

Ainda assim, não posso negar que Arantza Portabales tem um talento especial para explorar as personagens. Há um cuidado na forma como expõe fragilidades, tensões e contradições, que torna o livro mais denso e humano do que muitos policiais que já li. E, mesmo assim, não consegui sentir empatia pelas personagens.

O problema é que, para mim, essa escolha acabou por pesar demasiado na balança. Fiquei com a sensação de que a autora sacrificou o ritmo da intriga em nome da introspeção. E, sendo honesta, não era isso que eu procurava quando comecei o livro.
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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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