As Bibliotecárias de Lisboa, Suzanne Nelson

Nelson, Suzanne (2025). As Bibliotecárias de Lisboa. Lisboa: Topseller.

Tradução: José Remelhe
N.º de páginas: 368
Início da leitura: 13/09/2025
Fim da leitura: 15/09/2025

**SINOPSE**
"Lisboa, 1943. A 2.ª Guerra Mundial assola a Europa.
Cidade glamorosa à beira do caos, Lisboa aloja espiões de duas fações. Entre eles, encontram-se Selene Delmont e Beatrice Sullivan, bibliotecárias de Boston. Oficialmente recrutadas para recolher livros proibidos, ambas são, na verdade, agentes secretas cuja missão consiste em infiltrarem-se na rede de espionagem do Eixo.
Em breve, contudo, dão por si envolvidas em jogos de enganos com dois dos homens mais conhecidos da cidade: um barão português exilado, Luca Caldeira, e um espião letal de nome de código Gable. Enquanto Selene seduz Luca nos seus luxuosos salões de baile, Bea, mais dada aos livros, mergulha no mundo sombrio dos informadores de Gable. Quando, porém, uma traição desvenda uma teia de mentiras cuidadosamente tecida, tudo aquilo por que ambas lutaram é posto em causa. Será este o seu ponto de rutura?
Inspirada por acontecimentos reais, Suzanne Nelson cria um enredo cativante com duas mulheres singulares, cuja coragem, determinação e amizade foram capazes de resistir à devastação da guerra."
Ao iniciar a leitura de As Bibliotecárias de Lisboa, de Suzanne Nelson, a expectativa de encontrar uma narrativa centrada na vida das bibliotecárias, com descrições ricas sobre livros e bibliotecas, cedo se revelou defraudada, uma vez que a obra se orienta sobretudo para uma intriga de espionagem em plena Lisboa de 1943. 
Essa deslocação do foco inicial pode gerar alguma deceção para o leitor que procure uma exaltação do universo literário ou das instituições culturais. Contudo, a autora compensa essa ausência com uma trama envolvente, marcada pelo mistério, pelo romance e pelo pano de fundo histórico da Segunda Guerra Mundial. A cidade de Lisboa, nesse período, surge como espaço privilegiado de encontros clandestinos e de jogos diplomáticos, e é justamente esse cenário que ganha protagonismo ao longo da narrativa. O reconhecimento dos lugares, o retrato da atmosfera de uma Lisboa dividida entre neutralidade e intriga internacional, bem como a forma como as personagens se movem nesse ambiente de tensão e ambiguidade, tornam a leitura cativante e dão ao romance um carácter singular. Assim, apesar da frustração inicial, o livro conquista pelo enredo e pela reconstituição de época, oferecendo ao leitor uma experiência literária que, embora distinta da esperada, acaba por se revelar aprazível e enriquecedora.
A autora parte de personagens e situações reais (como as bibliotecárias espiãs da IDC, como Adele Kibre e Maria Josepha Meyer; Aristides de Sousa Mendes, que terá inspirado a criação da personagem Luca Caldeira, meritório pelos seus extraordinários esforços em assegurar passagem segura para milhares de passageiros durante a guerra). E, por incrível que pareça, quando referidas as minas de volfrâmio de Portugal (contrabandeado para a Alemanha nazi), lá surgem as nossas Minas da Panasqueira, através do nome da minha cidade - Fundão (Cabeço do Pião).
 Aconselho a quem gosta de romances de ficção histórica, espionagem e romance.

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