Siascia, Leonardo. Uma História Simples. Lisboa, 2025: Editorial Presença.
Tradução: João Pedro Vala
N.º de páginas: 80
Início e fim da leitura: 08/09/2025
**SINOPSE**
"Sicília, década de 1980. O telefone toca na esquadra: ao que parece, um velho diplomata quer falar com a polícia porque encontrou uma coisa estranha em sua casa. A partir daqui, tudo sucede numa espécie de ato contínuo, sem tempo para deduções ou explicações. Embora tempo pareça ser tudo o que a polícia tem a mais e não use convenientemente naquele lugar.
Ao que parece, afinal, houve um suicídio. Seria simples, a história, não fosse o jovem polícia deparar, na sua investigação, com uma enorme parede intransponível, composta pelas intrincadas argamassas que dão pelo nome de máfia, polícia, corrupção e, afinal, toda a Sicília.
Retrato de um sítio onde a verdade não conhece definição e a justiça teima em não chegar, o último livro de Sciascia é um magnífico exercício de economia de escrita, uma pequeníssima janela que abrimos e da qual, tremendamente espantados, vemos tudo."

Uma História Simples, de Leonardo Sciascia, é uma obra breve mas intensa, onde a ironia do título se revela logo no enredo: o que aparenta ser um suicídio simples, transforma-se num caso de corrupção, silêncio cúmplice e instituições comprometidas.
Com uma escrita direta e precisa, Sciascia elabora uma parábola sobre a justiça e a sua fragilidade, colocando no centro um agente da autoridade solitário que resiste, quase em vão, ao conformismo do sistema. A obra, embora enraizada na atmosfera siciliana, transcende o local para espelhar uma realidade universal: a verdade só tem valor se houver quem a sustente, e, em sociedades corrompidas, ela acaba quase sempre silenciada.
Pequeno na forma, mas imenso na reflexão, este livro é um retrato amargo da condição humana e da impotência da razão perante o poder, mantendo-se de uma atualidade perturbadora.
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