Donoghue, Emma (2025). O Expresso de Paris. Porto: Porto Editora.
Tradução: Cláudia Ramos
N.º de páginas: 264
Início da leitura: 20/09/2025
Fim da leitura: 27/09/2025
**SINOPSE**
«“Um enredo cheio de tensão e uma perspetiva da sociedade francesa do fim do século.”
THE NEW YORK TIMES - Alida Becker
Inspirado num desastre ferroviário de 1895, que ficou famoso pelas imagens extraordinárias da estação de Montparnasse, O Expresso de Paris é um romance intenso com um grupo de personagens fascinantes.
O expresso Paris-Granville é o cenário onde se encontram pessoas vindas de lugares tão próximos como a Bretanha e Irlanda ou tão distantes como a Rússia, a Argélia, a Pensilvânia ou o Camboja.
Nas várias carruagens seguem artistas e estudantes, deputados a caminho da abertura do Parlamento, lésbicas e gays, uma mulher grávida, um vendedor ambulante de café e também uma jovem anarquista francesa, Mado Pelletir, que tem um plano assustador.
Mas quando começa a interagir com os outros passageiros, descobre que eles são mais do que apenas um conjunto de rostos desconhecidos.
Evocativo e rico em simbolismo O Expresso de Paris capta sem esforço a política, o glamour e o caos que marcaram o fim do século XIX.»
Sou leitora fiel de Emma Donoghue e, por isso, confesso que O Expresso de Paris me deixou com um sabor agridoce. A autora, que tantas vezes me surpreendeu pela originalidade das histórias e pela subtileza com que constrói personagens memoráveis, parte aqui de uma premissa muito promissora – ainda por cima baseada em factos reais – mas o resultado não correspondeu às expetativas.
A história, passada a bordo de um comboio que liga Paris a Viena, poderia ser um palco perfeito para tensões, encontros e desencontros, mas acaba por se perder em detalhes que pouco acrescentam. Desfilam diante de nós uma multiplicidade de passageiros, cada um com o seu pequeno fragmento de história, mas nenhum suficientemente desenvolvido para nos prender. Ficamos como observadores distantes, a ver as figuras passar, sem nunca criar verdadeira empatia ou curiosidade.
Não é que a escrita de Donoghue tenha perdido qualidade – continua elegante e cuidada –, mas aqui falta a centelha que tantas vezes a distingue. É um livro que se lê, sim, mas que dificilmente deixa marca. Para quem, como eu, acompanha a autora e sabe do que ela é capaz, a sensação final é a de uma viagem promissora que chega ao destino demasiado cedo, sem ter cumprido todo o seu potencial.
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