
resolveu reunir certo dia
com todos os peixes do oceano
pois uma decisão urgia.
Logo se juntaram em assembleia
para ouvir o peixe-mor,
assim era para a plateia
aquele golfinho-senhor.
Papo de Anjo então falou:
“Meus amigos e peixes queridos,
sabeis, por quem sou,
que vos quero destemidos
pelas águas destes mares,
felizes e bem nutridos
livres de todo o tipo de azares.
Mas ouvi a um humano
que nos querem liquidar,
um espécime insano
adormecer-nos-á para nos pescar.”
Logo se manifestou
toda aquela assembleia
e o tubarão Tó falou
perante esta plateia:
“Não podemos permitir,
precisamos de uma solução
e a quem nos quer consumir
que aprenda para sempre a lição.”
e a raia Boneca miúda
pareceram, de repente, menos,
encostados à baleia Bala graúda.
Tão temerosos estavam,
era tamanho o perigo,
que todos se juntavam
à procura de um abrigo.
E logo a baleia Bala, inchada,
fazendo, de repente, peito,
disse em menos de nada,
sabendo-se digna de respeito:
“Bastaria uma só golada
para a todos engolir,
mas ficaria enjoada
e outros voltariam a vir.
Por isso, não vamos lá assim,
temos de nos acalmar,
falar com eles, isso sim,
e uma decisão tomar!”
Mas a arrazoada Fafá faneca
logo ali interveio,
ela até era bem esperta
e de sua boca lhe veio:
“Não nos podem ouvir falar,
isso estragaria os planos,
querer-nos-iam apanhar
para mostrar a outros humanos.”
Todos concordaram prontamente.
A Fafá faneca tinha razão,
teria de haver uma maneira diferente
de lhes dar uma lição.
que ia ouvindo as opiniões,
fez escutar ao oceano
as suas tomadas decisões:
“Vamo-nos de mortos fingir,
à superfície todos boiando,
vereis que se hão-de ir,
suas ideias abandonando.
Pensarão que algo de anormal
terá estas águas contagiado,
algo de estranho e infernal
terá os peixes matado.”
Logo todos concordaram
e de mortos se fingiram.
À superfície todos boiaram
e os humanos, assustados, fugiram.
Os peixes fizeram a festa,
comemorando a vitória.
Ainda não foi desta
que não ficaram para contar a história.
Célia Gil
(imagens do Google)
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