A Elegância do Ouriço, Muriel Barbery

Barbery, Muriel (2013). A Elegância do Ouriço. Lisboa: Editorial Presença.

Nº de páginas: 280

Tradutora: Maria Jorge Vilar de Figueiredo

Início da leitura: 27/11/2021

Fim da leitura: 01/12/2021


SINOPSE

É num edifício situado num bairro rico de Paris e habitado por uma burguesia rica e snobe, que decorre este emocionante romance contado a duas vozes. Alternadamente, as duas protagonistas vão dando a conhecer o seu bairro e as pessoas que as rodeiam. Renée é uma porteira de 54 anos, cultíssima autodidacta e apaixonada pela pintura naturalista holandesa, por filosofia, pelo cinema japonês e uma devoradora de livros. Paloma, a segunda protagonista, é uma adolescente de 12 anos, astuta, que percebe mais do mundo à sua volta do que aquilo que aparenta, e que deseja suicidar-se no dia do seu décimo terceiro aniversário. Entre a aparente humildade e ignorância de Renée e de Paloma, aparece um novo morador no prédio: o senhor Ozu, um japonês que inicia uma relação de amizade com ambas, formando-se um pequeno trio que terá para todos um papel redentor. Um livro terno, divertido e com personagens que irão cativar os leitores desde a primeira página.

OPINIÃO

Iniciei a leitura com alguma expetativa, dadas as críticas favoráveis que tinha lido. Confesso que, inicialmente, não me senti propriamente atraída por esta leitura. Duas narradoras algo confusas, muitas divagações e uma linguagem que me pareceu um pouco exagerada. Aos poucos, compreendi a intenção da linguagem, bem como o propósito das personagens, entrei na narrativa e fiquei deslumbrada. Voltei atrás para reler as reflexões e, então, fizeram todo o sentido.

Tudo se passa num prédio rico em Paris, no qual Renée, de 54 anos, é porteira há 27 anos. Mas não é uma porteira qualquer e esse facto salta à vista de um novo morador do prédio, o senhor Ozu, que, prestando atenção aos pormenores, percebe que ela é uma leitora de literatura russa e apreciadora de filosofia. Porém, ninguém, exceto Ozu e Paloma, se apercebe da verdadeira Renée, uma vez que, apesar de todo o seu conhecimento, apresenta-se despojada de pretensiosismos, “viúva, baixinha, feia, gordinha”, com “calos nos pés e, em certas manhãs auto incómodas, um hálito a mamute”, não estudou, sempre foi “pobre, discreta e insignificante”.

Paloma é uma jovem de 12 anos, muito inteligente, que gosta de analisar o sentido profundo das coisas, registando os seus pensamentos mais profundos, às vezes a partir de situações aparentemente banais. No primeiro desses pensamentos, regista que “Aparentemente, de vez em quando, os adultos têm tempo de se sentar e contemplar o desastre que é a sua vida.” Este é apenas um de muitos “pensamentos profundos”.

São personagens que se cruzam e tornam este prédio tão especial, que apreciam filosofia, se destacam das demais e acabam por criar uma amizade muito improvável. Depois, destaco a forma como está escrito, o sentido de humor que acompanha os momentos reflexivos, que me fizeram soltar umas boas gargalhadas. A finalizar, fui também surpreendida pelo final tão imprevisível.

Um livro excecional de que recomendo a leitura!

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