Rapariga, Mulher, Outra, Bernardine Evaristo

Evaristo, Bernardine (2020). Rapariga, Mulher, Outra. Amadora: Elsinore.

Tradutor: Miguel Romeiro

Nº de páginas: 480

Início da leitura: 23/12/2021

Fim da leitura: 28/12/2021

**SINOPSE**

As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha.

Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico. As suas histórias, a das suas famílias, amigos e amantes, compõem um retrato multifacetado e realista dos nossos dias, de uma sociedade multicultural que se confronta com a herança do seu passado e luta contra as contradições do presente.

Um romance atual, brilhantemente escrito, que repensa as questões de identidade, género e classe com o pano de fundo do colonialismo, da emigração e da diáspora.

Força narrativa e escrita cativante num empolgante mosaico de histórias de vida que farão o leitor repensar a sua maneira de ver o mundo.

**OPINIÃO**

Este é um romance de 12 mulheres, maioritariamente negras, filhas de imigrantes que partiram para o Reino Unido em busca de melhores condições de vida e que têm um objetivo comum – a necessidade de afirmação e de emancipação. O ritmo é rápido e a linguagem contagiante e oralizante. É um livro que nos leva a refletir sobre a identidade de género e classe e, ao mesmo tempo, dá a conhecer tradições da cultura africana, dialetos... Um livro duro, tão real que choca, pela forma direta de encarar a sociedade britânica atual, a agressividade, o preconceito e o racismo contra os imigrantes, mas também o machismo, a homofobia, a violência psicológica, o preconceito social, a violação, o género, os estereótipos e a sexualidade.

Cada capítulo é sobre uma personagem e, apesar de inicialmente não percebermos de imediato a ligação entre elas, aos poucos começamos a entender que todas se cruzam. Interessante também é o facto de as personagens perceberem o feminismo de formas diferentes. Este é um livro que nos abre perspetivas, nos permite refletir e contribuir para uma mudança de atitudes. Aconselho vivamente!

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