Terra, Eloy Moreno

Eloy, Moreno (2022). Terra. Lisboa: Suma das Letras.

Tradução: Inês Guerreiro

Nº de páginas: 568

Início da leitura: 22/07/2022

Fim da leitura: 23/07/2022

**SINOPSE**

Dentro de uma cabana escondida na floresta, um homem faz uma promessa aos dois filhos: «Pensem naquilo que mais vos agradaria neste mundo, no que gostariam de alcançar quando fossem mais velhos. Seja o que for, se conseguirem terminar o jogo, prometo que farei os possíveis para que se torne realidade.» Mas esse jogo nunca acabou.

Trinta anos depois, uma das crianças conseguiu realizar o seu desejo, mas a irmã não. É então que ela recebe um presente estranho, um objeto que lhe permitirá continuar o jogo.

Oito pessoas decidiram voluntariamente participar num reality show que consiste em isolar-se do mundo, para sempre. O público pensa que sabe tudo sobre elas, mas nem suspeita os motivos pelos quais tomaram essa decisão.

A criança que não conseguiu realizar o seu desejo, agora jornalista, deve descobrir a ligação entre o presente que recebeu e aqueles oito concorrentes, de modo a realizar o seu desejo, caso ainda seja essa a sua vontade. A resposta está na Islândia.

Este é um livro cuja temática remete para uma questão muito atual: a ficção dos “Reality Shows”, em formatos cada vez mais ousados e perigosos, apenas porque o elevado nível de audiências de pessoas que, não tendo vidas próprias, vivem a dos outros, leva ao enriquecimento dos canais televisivos, sem pensar nas consequências que poderão advir. Mas são mesmo estas as mentalidades atuais, em que se vive com a ideia de ganhar dinheiro de forma fácil e do desejo de fama de outros para se enriquecer absurdamente. Certo é que tudo tem um preço: o dinheiro e a fama não são eternos, os produtores e o público nunca estão satisfeitos e querem sempre mais e, do programa caseiro em que o pai fecha os filhos numa casa com uma câmara, ao programa que reúne uma série de pessoas numa casa, a um programa em que o público decide as grávidas que entram numa casa hão de ter ou não os filhos ou um programa de suicídios em direto numa casa ou…nem sequer falo do último, pode compreender-se que todos os limites são ultrapassados, perde-se a noção, perdem-se os valores e os princípios. E agora poderia questionar: quem são os verdadeiros culpados: a pessoa que pensou o formato ou o público?

Apesar de ser um romance fictício, tem muito de real e faz-nos refletir. As sequências narrativas estão engenhosamente articuladas em capítulos breves, de simples leitura, que nos prendem à história.

Aconselho!

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