A madrugada em Birkenau, Simone Veil

 Veil, Simone (2021). A Madrugada em Birkenau. Lisboa: Quetzal Editores.

Tradução: António Sabler

Nº de páginas: 280

Início da leitura: 01/07/2022

Fim da leitura: 01/07/2022

**SINOPSE**

Numa primeira parte do livro, Simone Veil fala da sua infância, da família, recorda o início das perseguições raciais em França, e relata a deportação, a vida nos campos de Drancy, Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen, e o impacto destes acontecimentos na vida que se lhes seguiu. Na segunda parte, dialoga com antigos companheiros sobreviventes do holocausto, e com a irmã, membro da Resistência, e que reencontrou no fim da guerra.

Um extraordinário documento histórico, enriquecido por muitas fotografias (dos anos trinta e de anos recentes): deportada aos 16 anos, Simone Veil veio a tornar-se a francesa mais popular e uma das mulheres mais importantes da política europeia do século XX. Simone Veil habita literalmente este livro. O leitor ouve a sua voz e sente a sua liberdade interior.

É sempre duro ler um livro de não ficção sobre a II Guerra. E, por incrível que pareça, nunca ficamos a saber realmente todo o horror vivido. Simone realça isso mesmo, referindo que quem visita agora os campos não tem a perceção do que aquilo foi e de como se colou à pele e à alma. Se agora existem árvores e uma aparência minimamente “normal”, na altura em que Simone por lá passou era apenas lama, não havia árvores, e o cheiro da fome, da sujidade, do medo e da morte, já não se sentem.

Acredito que assim seja e, por mais respeito que tenhamos pelos sobreviventes do Holocausto, nunca conseguiremos saber (e esperemos nunca vir a saber) o que aquilo representou realmente para todos os que para lá foram, ignorantes de tudo o que os esperava: a separação das famílias à chegada, as câmaras de gás, o fumo, as cinzas, o cheiro a carne queimada, o árduo trabalho, as fardas infestadas, a morte lenta pela fome e consequentes doenças, os abusos em relação às mulheres e muito muito mais…

Simone Veil destaca-se pela sua coragem, pela força de vontade, por tudo o que conquistou, mesmo depois do que passou, uma vida de luta pelos direitos da mulher, pela justiça. Foi magistrada, ministra da saúde, a primeira mulher presidente do Parlamento Europeu. Como ministra, concretizou a “Lei Veil”, que despenalizou a interrupção voluntária da gravidez, em França. Por isso, ficará para sempre na história e na memória de quantos lerem este livro.


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