Morreste-me, José Luís Peixoto

Peixoto, José Luís (2000). Morreste-me. Lisboa: Temas e Debates.

Nº de páginas: 40

Data da releitura: 20/02/2023

**SINOPSE**

"Morreste-me, texto que deu a conhecer o jovem escritor José Luís Peixoto, é uma obra intensa, avassaladora e comovente: é o relato da morte do pai, o relato do luto, e ao mesmo tempo uma homenagem, uma memória redentora.
Um livro de culto há muito tempo indisponível no mercado português." [Porto Editora]
Este pequeno grande livro foi-me oferecido por uma amiga num momento em que passei pelo mesmo.
Regresso a ele várias vezes, porque tudo o que Peixoto descreve com uma grande qualidade literária, é a expressão do que senti e sinto quando perdi os meus pais (o meu pai, com 49 anos e a minha mãe, com 55). Ler este livro é voltar ao passado, é entrar nas salas de tratamentos, é ver o vazio num olhar que não sabemos ao certo se ainda nos vê e conhece, é estar à cabeceira da cama até ao último suspiro (depois da respiração ofegante que ainda quer prender à vida) é passar por tudo outra vez e é ouvir um testemunho que fica para sempre a ecoar nos nossos corações, é, como diz o autor, o desespero, o vazio total.
Voltar a este livro é olhar-me por dentro, porque José Luís Peixoto consegue dizer tudo o que sentimos e que sempre pensei que seria inenarrável. 
Ao ler algumas opiniões depreciativas, penso que falta a esse leitor passar por tudo isto. não que o deseje, não o desejo a ninguém. Mas falta-lhe sentir esta obra em toda a sua plenitude, senti-la nas entranhas, senti-la em tudo aquilo em que a vida nos tornou, em tudo o que passamos para sermos o que somos (ou não) hoje. E o autor fá-lo, de forma tão intensa, tão poética, tão gritante e desesperadamente boa... Através deste livro, sinto que há um grito interior que se liberta nestas linhas, um grito que vou sufocando cá dentro.
Volto a este livro sempre que me sinto perdida, sempre que preciso olhar para dentro de mim. Só assim me reencontro. Obrigada José Luís Peixoto!

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