Reynalds, Allie (2025). A Baía. Lisboa: Casa das Letras.
Kenna chega a Sydney para surpreender a sua melhor amiga, chocada por saber que ela vai casar com um rapaz que acabou de conhecer. Mas Mikki e o seu noivo Jack estão prestes a partir numa viagem e Kenna dá por si a acompanhá-los.
A Baía da Tristeza é linda, selvagem e perigosa. Um local remoto para surfar com ondas mortíferas, isolado do resto do mundo. Aqui, Kenna conhece um misterioso grupo de pessoas que fará tudo para manter o seu paraíso em segredo. Sky, Ryan, Clemente e Victor vieram para surfar as ondas e desaparecer da vida. O que é que eles vão achar de Kenna aparecer sem avisar?
À medida que Kenna é atraída para o mundo deles, vê os extremos a que estão dispostos a chegar para obter a próxima emoção. E todos parecem estar a esconder alguma coisa. Em que é que a sua melhor amiga se envolveu, e como é que ela a pode afastar? Mas uma coisa está a tornar-se rapidamente clara na Baía: nunca ninguém se vai embora."
Este livro foi promovido como
um thriller psicológico ambientado no mundo do surf, mas, para muitos leitores
– como no meu caso – a obra não cumpre inteiramente a promessa de tensão e
mistério típicos do género. Ao esperar um verdadeiro thriller, é natural sentir
frustração ao deparar-se com uma narrativa que se aproxima mais do drama de
grupo do que do suspense psicológico. Embora haja elementos de mistério, eles
são diluídos num ambiente onde o surf e as relações interpessoais tomam
demasiado protagonismo. A adrenalina do desporto substitui a tensão narrativa –
o que, para um thriller, é, a meu ver, insuficiente.
O enredo gira em torno de um
grupo isolado numa baía australiana, onde há segredos e mortes a esclarecer. No
entanto, a narrativa tende a estagnar, com longas passagens dedicadas à rotina
do surf, o que compromete o ritmo e diminui o suspense. A construção do
mistério é previsível em certos pontos, e o clímax pode parecer forçado ou
pouco merecido.
Um dos maiores pontos fracos que identifico é a falta de profundidade das personagens. São jovens com um espírito pseudo-rebelde, que vivem à margem da sociedade, mas sem que se explore verdadeiramente o “porquê” dessas escolhas. As motivações são rasas e muitas vezes incoerentes, tornando difícil criar empatia ou sequer interesse genuíno. O grupo criado na Austrália parece artificial, como se reunido apenas para servir ao enredo, sem verosimilhança psicológica ou social.
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