O País das Laranjas, Rosário Alçada Araújo

 Araújo, Rosário Alçada (2019). O País das Laranjas. Lisboa: Edições ASA.

N.º de páginas: 240
Início da leitura: 03/07/2025
Fim da leitura: 05/07/2025

**SINOPSE**
"Com apenas 10 anos, Martha parte para Portugal com o irmão Peter. Estamos em 1949 e a fome e o frio fazem parte do seu quotidiano, já que a Áustria, a sua terra-natal, é ainda um país destruído pela Segunda Guerra Mundial.

Chegados a Lisboa, os dois são inesperadamente separados e Martha vai viver para a Covilhã, no seio de uma família abastada que a recebe com todo o amor e um conforto que nunca antes experimentou.

Martha irá viver dias inesquecíveis, que ficarão para sempre guardados nas memórias da sua infância. Mas não poderá separar estes tempos de felicidade das recordações da guerra que traz consigo, das saudades do irmão e da mãe, da tristeza por não se lembrar das feições do pai e ainda de algumas peripécias que acontecem na casa onde agora vive.

Quando o regresso à Áustria se aproxima, Martha vê-se obrigada a pensar em quem é realmente e a que lugar quer pertencer."

Este é um romance juvenil que, apesar da sua aparente simplicidade, transporta o leitor para uma reflexão profunda sobre temas como a emigração, a saudade e as raízes culturais. A autora, com grande sensibilidade e através de uma linguagem clara, despojada e elegante, constrói uma narrativa próxima e acessível, mas nunca desprovida de beleza literária.

Um dos grandes trunfos desta obra é o modo como a ação se enraíza num contexto geográfico real e familiar: a Covilhã e a região da Beira Interior. Para quem conhece ou vive perto desta zona, como é o meu caso, a leitura ganha um sabor especial, pela familiaridade dos lugares, das tradições e da forma de ser das personagens. Este realismo geográfico torna a história mais próxima e verosímil, permitindo ao leitor sentir-se quase parte do enredo.

Além disso, destaca-se a capacidade da autora de trabalhar sentimentos universais — o amor familiar, a perda, a esperança — de uma forma subtil, sem dramatismos excessivos, mas com uma intensidade que convida à empatia e à reflexão. Recomendo!

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