Landero, Luis (2019).
Chuva Miúda. Porto: Porto Editora.
Tradução:
Miguel Filipe Mochila
Nº de páginas:
240
Início da
leitura: 25/06/2022
Fim da leitura: 26/06/2022
**SINOPSE**
Gabriel
decide celebrar o octogésimo aniversário da mãe e, para isso, terá de contactar
as irmãs a fim de reunir a família para a feliz ocasião. Todavia, estes
telefonemas entre irmãos despertam rancores antigos, relembram erros do passado
e põem em confronto diferentes visões do mesmo episódio. Aurora, a discreta
mulher de Gabriel, é a confidente pela qual passam todas as histórias que
durante anos estiveram guardadas no mais fundo de cada uma das personagens.
Chuva Miúda é um romance poderoso sobre a família - com os seus segredos e rancores -, mas também sobre a memória e a forma como o mesmo momento é lido e lembrado por todos aqueles que o viveram.
Um
livro que aborda questões tão reais, que facilmente reconhecemos a família que
é o cerne desta história, disfuncional, de costas viradas, cada um dando conta
dos seus problemas à única pessoa que os ouve: Aurora.
Toda
a história gira em torno de uma ideia lançada por Gabriel, um dos irmãos –
fazer um almoço de família para comemorar o octogésimo aniversário da mãe. As
irmãs, Sónia e Andrea sempre o consideraram um homem feliz, porque era o filho
preferido. Mas será que Gabriel é mesmo um homem feliz? O que esconderá ele
atrás de uma aparente ideia filosófica de felicidade?
Quando
começam a ponderar quem vai e quem não vai ao aniversário, ao referir o
ex-marido de Sónia, pai dos seus filhos, começa por se levantar a questão: e o
atual companheiro, estaria disposto a privar com o ex-marido? Qual deles deve
ir ao aniversário?
A
partir daqui, começam as conversas que desenrolam lembranças e trazem o passado
que nos permite compreender o presente.
Sónia
acaba por ser empurrada pela mãe, quando ainda era pouco mais que uma criança
que ainda gostava de brincar com bonecas, para um casamento que ela não quis.
Ainda por cima, o escolhido era a paixão da outra irmã, Andrea.
Curioso
é o facto de as duas irmãs terem uma ideia tão diferente do mesmo homem e de
este homem ser motivo para uma discórdia que as acompanhará toda a vida.
Mais
curioso é como o novelo de histórias se vai desenrolando entre conversas
telefónicas que se vão cruzando e completando, numa escrita magistral. Cada
personagem abre a sua alma a Aurora, dando conta dos seus dramas psicológicos
que os impediram de serem felizes.
“…os
pequenos velhos rancores, por mais pequenos e velhos que fossem, continuavam
latentes na memória, à espreita, à espera da oportunidade certa para voltarem
ao presente, renovados e ampliados, borralhos ainda mornos que o menor vento
poderia atiçar…”
Recomendo a leitura!
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