Tokarczuk, Olga (2020). Outrora e Outros Tempos. Amadora: Cavalo de Ferro.
Tradução:
Teresa Fernandes Swiatkiewicz
Nº de páginas:
272
Início da
leitura:05/06/2022
Fim da leitura: 09/06/2022
SINOPSE
Outrora
é uma aldeia polaca situada no centro do mundo e protegida por quatro arcanjos.
Esta mítica aldeia, onde a relva sangra, a roupa tem memória e os animais falam
por imagens, é povoada por personagens excêntricas e inesquecíveis - humanas,
animais, vegetais, minerais - cujas existências obedecem aos ciclos das
estações e à inexorável passagem do seu Tempo, mas também aos acontecimentos
externos.
Durante
três gerações, este microcosmo instável e arrebatador assiste ao eclodir de uma
Grande Guerra, à Crise, a uma nova e Segunda Grande Guerra, à Ocupação Nazi, à
invasão Russa, e ao choque entre a modernidade e a natureza, espelhando a
dramática história da Polónia do século XX.
Primeiro
grande sucesso de Olga Tokarczuk, vencedor do prestigiado Prémio da Fundação
Koscielski, Outrora e Outros Tempos é um romance histórico, filosófico,
mitológico e, no dizer da crítica, «um clássico da literatura europeia
contemporânea».
A
autora sempre quis escrever um livro como este: «A história de um mundo que,
como todas as coisas vivas, nasce, cresce e depois morre… Cozinhas, quartos,
memórias de infância, sonhos e insónia, reminiscências e amnésia fazem parte
dos seus espaços existenciais e acústicos, compondo as diferentes vozes da sua
história.»
Este
não é um livro de fácil leitura, exige tempo, exige reflexão, ou corre-se o
risco de perder o fio à meada. Neste livro vamos acompanhando a vida de três
gerações de Outrora, na Polónia, no centro do Universo. É uma aldeia guardada
por quatro Arcanjos. E aqui se encontra de tudo, o fantástico mitológico, a
natureza que é espelho das emoções e estados de alma das personagens, a
pulsação da vida, a inevitabilidade da morte.
A
passagem do tempo sente-se apenas no avançar da idade das personagens e nas
mudanças naturalmente ocorridas no decurso das estações do ano. E, apesar da
fantasia, são personagens bem reais, com virtudes e defeitos, tão amplamente
bem construídas, complexas, como complexo é o ser humano, com tanto de sãs e de
loucas.
Utilizando
uma linguagem crua, muitas vezes irónica, sempre profunda, a autora obriga-nos
a perscrutar nas entrelinhas, a essência analítica da história e das suas
personagens intrigantes. Recomendo!
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