A Cor do Hibisco, Chimamanda Ngozi Adichie

Adichie, Chimamanda Ngozi (2019). A Cor do Hibisco. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Tânia Ganho

Nº de páginas: 368

Início da leitura: 01/09/2022

Fim da leitura: 03/09/2022

**SINOPSE**

Os limites do mundo da jovem Kambili são definidos pelos muros da luxuosa propriedade da família e pelas regras de um pai repressivo. O dia-a-dia é regulado por horários: rezar, dormir, estudar e rezar ainda mais. A sua vida é privilegiada, mas o ambiente familiar é tudo menos harmonioso. O pai tem expectativas irreais para a mulher e os filhos, e pune-os severamente quando se mostram menos que perfeitos.

Quando um golpe militar ameaça fazer desmoronar a Nigéria, o pai de Kambili envia-a, juntamente com o irmão, para casa da tia. É aí, nessa casa cheia de energia e riso, que ela descobre todo um novo mundo onde os livros não são proibidos, os aromas a caril e a noz-moscada impregnam o ar, e a alegria dos primos ecoa.

Esta visita vai despertá-la para a vida e o amor e acabar de vez com o silêncio sufocante que a amordaçava. Mas a sua desobediência vai ter consequências inesperadas...

Uma obra sobre a ânsia pela liberdade, o amor e o ódio, e a linha ténue que separa a infância da idade adulta, que marcou a estreia de uma escritora extraordinária.

Mais um livro extraordinário de Adichie. É tão fácil embrenharmo-nos nas suas histórias e acompanharmos as personagens tão bem construídas.

Neste livro, dois irmãos nigerianos, a jovem Kambili e  o irmão Jaja, vivem oprimidos pelo pai e pela religião católica que ele professa como líder responsável pela comunidade religiosa, sem disso se queixarem, uma vez que que para eles é natural obedecerem ao pai e acreditarem que a vontade de Deus está acima de tudo.

Vítimas de violência doméstica, mãe e filhos encaram essa como a única forma de vida, uma punição natural, sempre que contrariam os ideais do pai, não obedeçam ou não obtenham os resultados escolares que ele espera deles. Assim, estas crianças não sabem ser crianças, não sabem sorrir nem desfrutar dos pequenos prazeres da vida.

Quando Enugu é ameaçada por um golpe militar, o pai acaba por consentir que a tia deles, Ifeoma, os leve temporariamente para sua casa, em Nsukka. É aqui que contactam com outra forma de vida a que não estavam habituados, pois a família da tia sorri, brinca, conversa... Aqui conhecem o avô, que o pai reprovava referindo-o como pagão, conhecem um padre que terá um papel crucial na história. Segundo o pai, terá sido ali que se corromperam. 

Para finalizar, uma vez que não quero entrar no enredo, refiro apenas que os hibiscos têm cores diferentes em cada uma das localidades, simbolizando a forma como a religião e a própria vida são encaradas em cada uma. Desta forma, se acaba por perceber a escolha do título.

Aconselho vivamente a leitura deste livro.

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