A Cozinha Inglesa de Miss Eliza, Annabel Abbs

Abbs, Annabel (2022). A Cozinha Inglesa de Miss Eliza. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Elsa T. S. Vieira

Nº de páginas: 368

Início da leitura: 25/09/2022

Fim da leitura: 27/09/2022

**SINOPSE**

“Especiarias exóticas, vegetais aromáticos e frutos exuberantes… Em 1837, Londres está a transbordar de novos ingredientes que ninguém sabe usar. Tudo isso passa ao lado de Eliza, uma jovem de boas famílias que tenciona dedicar a vida a escrever poesia e a partilhá-la com o mundo. Um sonho grandioso que termina quando o seu editor lhe sugere uma mudança de rumo. Se Eliza quer ser publicada, que escreva então algo aceitável para uma menina da sua posição. Como um livro de cozinha.

Para a aspirante a poetisa, que nunca sequer cozeu um ovo, qualquer ligação a um fogão é uma afronta… até ao dia em que a situação familiar a obriga a repensar tudo e a pôr, literalmente, as mãos na massa. Depressa vai descobrir não apenas um talento, mas uma paixão. Com a ajuda da sua jovem assistente Ann Kirby, entre papel e tachos, lágrimas e gargalhadas, segredos e confissões, Eliza vai descobrir as maravilhas da gastronomia e o poder da amizade. Mas quando Ann descobre um segredo do passado dela, tudo o que conquistaram se transforma numa ameaça.

Inspirado na história real da mulher que inventou o conceito do livro de culinária moderno, este é um romance que se aprecia como a uma iguaria, saboreando as vívidas descrições, absorvendo a intriga e fruindo de toda a experiência. Um prodigioso retrato da época vitoriana e um tributo a uma das pessoas que mais influenciou a arte da culinária ocidental”.

Este é um livro envolvente, ideal para ler num fim de semana frio, com um chá, uma manta e a lareira acesa, mas que se lê perfeitamente bem em qualquer outra ocasião.

É um romance ficcional, apesar de ter sido baseado em alguns “factos conhecidos sobre a vida de Eliza Acton, autora de poesia e pioneira da escrita culinária”, como nos diz a autora no prefácio. De uma forma pouco usual, a autora inicia o livro com um momento importantíssimo do final da história e tem-nos irremediavelmente presos ao livro, porque queremos saber tudo, como, quando e com quem aconteceu. A partir daqui, temos uma analepse, que recupera o início da história e que, depois, segue cronologicamente através de um encadeamento das várias sequências da narrativa. Ficamos a conhecer Eliza, uma poetisa fora do tempo, numa época em que era de mau tom (demasiado íntimo e despudorado) uma rapariga escrever poesia. A família, antes abastada, perde tudo, o pai tem de se esconder e ela e a mãe têm de manter uma pequena pensão, que lhes serve de sustento.

Confrontada com uma porta fechada para a publicação dos seus poemas, o editor, Mr. Longman, lança a Eliza o desafio de escrever um livro de culinária “bonito e elegante como os seus poemas”, desafio esse que promete mudar a vida de Eliza.

Por outro lado, Temos Ann, uma jovem que vive no seio de uma família muito pobre e repleta de infortúnios: o pai terá perdido uma perna e a mãe está a perder as faculdades mentais. É o reverendo Thorpe que lhe propõe uma solução: arranjar trabalho para ela como criada de servir e para o pai (a cuidar do cemitério), com a condição de a mãe ser internada num manicómio.

É a partir daqui que a vida destas duas personagens femininas, tão ricas e marcantes na história, se cruza num amor que vão comungar: a cozinha.

E mais não conto. Mas aconselho muito a leitura deste livro que nos prende do início ao fim, sendo praticamente impossível largá-lo antes de o terminar.

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